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domingo, 6 de outubro de 2013

Bestiário Alquímico 2

Anúbis e Maat.0.85
Essas duas operações, dissolução e coagulação, sintetizam o dinamismo presente por todo o processo alquímico, e estão firmadas pela máxima Solve et Coagula, encontrada em vários manuscritos e gravuras.
Pegasus1.0.6O quarto degrau é a sublimação. Em termos químicos seria a passagem direta do estado sólido ao gasoso. Psicologicamente, longe aqui do conceito psicanalítico, sublimar é saltar etapas na transformação pessoal por meio de experiências diretas que propiciam ao ego a sua ascese. Isto é, depois de calcinar, dissolver e coagular repetidas e infinitas vezes, há momento em que o extrato se volatiliza, quando o ego atinge um estado anímico superior, propício às primeiras grandes revelações. O pégaso é o melhor representante dessa etapa. Ligado aos elementos ar e água (embora provido de asas, seu nome provém do grego pege, fonte), esse cavalo alado mitológico, nascido nas fontes do Oceano, traduz a relação entre profundidade e elevação. É ainda símbolo da inspiração poética e, nos céus, mistura-se às nuvens portadoras de água fecunda que sempre regam a terra. Suas patas são ferradas com ouro, suas rédeas são colares de pérola, e sua figura fantástica é signo do estado de pureza alcançado pela sublimação do ego que, ora volátil, pode finalmente se inspirar e vislumbrar das alturas a sua exata dimensão. Outras imagens bestiais do processo de sublimação costumam mostrar aves de rapina derrotando o leão ou mesmo carregando um sapo em suas garras a significar a vitória do estado sutil sobre o denso, do espírito sobre a matéria.
Leão verde.0.75
‘Rosarium Philosophorum’, manusc. alquímico, séc XVI, Stadtbibliothek Vadiana, St. Gallen.
Isto nos lança ao quinto degrau, o da mortificação. Nesta fase da Opus Magna surge o leão, besta solar, complemento e primo-irmão do lobo. Ele devora e transforma a “nova consciência”, ora sensivelmente tocada pela experiência vivenciada no nível anterior. O leão, muitas vezes alado, feito esfinge, encerra os enigmas da espiritualidade aflorada à luz da consciência a partir da semente de materialidade que vem sendo desde o início trabalhada. Rei dos animais, o leão é símbolo de força, de autoridade e inteligência. Mas ele está aqui para nos engolir por inteiro, para fazer morrer o ego inflado de modo a vomitá-lo mais tarde, após tê-lo digerido num processo metafórico de morte, dor e renascimento.
Águia, Pelicano & Fênix - Figuarum Aegyptorum Secretarum, séc. XVIII
Águia bicéfala, Pelicano & Fênix in ‘Figuarum Aegyptorum Secretarum’, séc. XVIII

Sexto degrau: a separação. O pelicano, ave cuja lenda conta que se fere e se mutila com seu bico para alimentar com o próprio sangue seus filhotes, expressa a idéia de auto sacrifício como etapa necessária para se atingir a perfeição (que, a bem da verdade, nunca se alcança). Neste particular, assemelha-se à fênix, pássaro mítico que se deixa consumir no fogo para depois renascer das próprias cinzas. A presença de ambos os pássaros bem indica que a morte anunciada aqui, da qual devem ser separados os elementos que serão transformados e reunidos, é uma experiência transcendente. Tanto o pelicano quanto a fênix são emblemas que, através da morte, anunciam a ressurreição, sugerindo a imortalidade da alma em seu eterno caminho de doloroso aprendizado.
A águia, rainha das aves, de natureza solar, coroa os estados anímicos superiores e traduz a experiência do sétimo degrau: a síntese. A águia é símbolo da ascese, da percepção direta e arguta que nos faz perceber a divindade em nossas almas; muitas vezes é vista como um pássaro bicéfalo a representar a união dos opostos complementares, ou a sizígia alquímica, fusão perfeita entre prata e ouro alcançada por meio da Pedra.

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