Sim, Teosofia Eubiótica além do “Véu de Maya” ou da Ilusão dos Sentidos. Sobretudo para quem ceifa nos conhecimentos dados a público por esta Escola Iniciática e dos mesmos se serve como argumentário para a denegrir e ao seu líder fundador incontestável, o Professor Henrique José de Souza (1883-1963). 
É reparo que tenho feito ao longo dos decénios como alerta ao público geral e sobretudo àqueles seguidores da ideologia teosófica do Professor Henrique José de Souza que, assim parece, têm “apontado canhões à retaguarda”, deixando a multidão infindável de falsos profetas e messias mancos ir desferindo estocada após estocada até à fatal, sob o impulso do ódio enciumado que têm tanto a HJS como à sua Obra, porque o Mental desse supera infinitamente o Emocional desses muitos. Dentre estes, há aqueles de erudição virtual tão grande que os “sete sábios da Grécia” perante eles não passam de ignorantes; sabem tudo, conhecem tudo, falam de tudo, enfim, é o autoconvencimento típico de gente povoando o espaço dessacralizado de um tempo intercíclico como é o actual. Para este “gurusismo” só a sua exclusiva verdade conta e é a única certa, e todos os seus imaginários adversários são alvos a abater pela maledicência e a intriga, ou seja, pelo assassínio moral do próximo que lhes pareça fazer sombra, esta que é a sua própria. E assim vão enganando o povo impúbere, vendendo-lhe a tralha de suas inutilidades no alimento das suas fantasias, regando-lhes a vaidade, alimentando-lhes o ego, aumentando-lhes a ignorância. Eles mesmos se não forem constantemente adulados como todo-prepotentes, acabará faltando-lhes o ânimo e simplesmente desistem, voltando ao reassumir da condição profana donde, afinal, nunca saíram. No umbral da consciência entre dois estados, o ordinário e o espiritual, orbitam entre um e outro na mais frenética agitação de que só poderão resultar as mais disparatadas manifestações. Para esses, a Sabedoria e a Iniciação estão mais distantes que o Sol da Lua… 
Ademais, não se aceitando a realidade dos Mundos Subterrâneos menos ainda se aceitará Henrique José de Souza, e consequentemente esta Obra da mais profunda e distinta espiritualidade. Sem isso, estar-se-á num contínuo navegar pelo oceano incerto das opiniões desencontradas indo entrechocar com os arrecifes da maledicência aguçados pelos preconceitos, formando nuvens carregadas que desencadeiam furiosas tempestades morais, com o risco grave de soçobrar fisicamente. 
Está-se num tempo de fingimento e vaidade, num tempo em que a ausência de valores é o único padrão de tantos e iguais mataiotes. Trata-se do culto individualista do “eu”, exacerbado nas modas acríticas de “auto-curas” e “auto-ajudas” onde se tem por chavão narciso o “se eu não gostar de mim, quem gostará?”. Isso conduz ao vale-tudo da mais irracional egolatria, onde mirar-se ao espelho acaba sendo mais confortante que o afago de mão amiga, aliás, interpretando cada alheio como um adversário a vencer e a extorquir. Tanto me traz à memória aquele personagem bizarro que abandonando, com o que conseguiu levar, a Comunidade Teúrgica Portuguesa por não ter conseguido tomar de assalto a sua chefia, na sua ambição permanente de élan ou destaque sobre os demais, sem o qual, aliás, a sua “imensíssima espiritualidade” fenece, vem dizendo em público que o seu principal foco de atenção desde há cerca de vinte anos é a espiritualidade, e, portanto, só pode ser muito espiritual; que tem muitos livros que lê – os livros são para ler, creio eu – e por isso é muito sábio além de muito humilde, confessa-se no seu auto-elogio; inventou uma ‘escolinha’ de apartamento nos subúrbios da capital tendo feito o seu registo notarial, logo afirmando ser a única e verdadeira e ele o “impoluto” líder incontestável dos seus correligionários; até faz palestras avulsas e de avulso escreve livros com quanto surripiou da C.T.P. e/ou ouviu e leu de mim, imitando-me em tudo no mais grotesco dos mimetismos; é guru, está nas alturíssimas da consciência, fala com todos os deuses, frequenta todos os recantos miríficos e discursa sobre tudo, gosta de palavras majestáticas, estrondosas, espampanantes, é feliz na sua soltura, deixou de ser questionado pelos que lhe eram próximos e se afastaram; resolve dilemas, “põe num chinelo” os maiores do pensamento humano, corrige todos, só ele está certo, e contudo se o problema é exacto e a solução igualmente exacta, as propostas para a sua solução são equívocas e assim o problema mantém-se insolúvel. Quimérico no onirismo dos sentidos, já de si fantasiados pelo impulso indomado do extremo narciso distorcendo a realidade sensorial assim alterada, aos tombos por montes e buracos no chão, visionando “realidades” da mais pura ilusão psicossomática, frenético vai enganando a sua descrença por realmente nunca ter sido o que arvora ser e ter, aparte o furtado, quer a mim/C.T.P., quer ao que vai rapinando daqui e dacolá em fontes avulsas, não se inibindo da utilização, que aliás aconselha a quem lhe está próximo, de perfis falsos na internet… Mataiotes mataioteton ta panta mataiotes – “Vaidade das vaidades é tudo vaidade” (ματαιότης ματαιοτήτων τὰ πάντα ματαιότης), fútil, vazio, sem sentido, diz o Eclesiastes 12:8, e repete Diógenes na Grécia, vindo a ser a mesma sentença latina vanitas vanitatum et omnia vanitas. 
Tudo isto acerca de um recente detrator do Professor Henrique José de Souza, cuja intervenção visionada assisti com o maior cuidado e atenção. O que esse cidadão, por sinal brasileiro, disse, inspirou-me a dar uma aula de retificação na Comunidade Teúrgica Portuguesa e que agora descrevo aqui. 
 
Talvez a primeira imprecisão desse autor muito infeliz nas suas dissertações, tenha sido a sua afirmação do Professor Henrique José de Souza ter inventado a partir do nada o neologismo ou palavra nova eubiose. Será neologismo mas não é inventado do nada, pois no Dicionário de Língua Portuguesa, de Cândido de Figueiredo, assim como nos demais dicionários da mesma língua, aparece o verbete: “Eubiótica, f. Arte de bem viver. (Do gr. eubiotos)”. Eubiótica é termo muito utilizado em Medicina Biológica – Henrique José de Souza foi estudante na Faculdade de Medicina de São Salvador da Bahia, na sua juventude – que é constituída por um conjunto de procedimentos diagnósticos e terapêuticos que visam a integridade do biossistema humano e, consequentemente, permitem exercer a avaliação orientada para uma concepção sinergética integral do ser humano. 
O grego eubiotos, ευβιότες, em português eubiótica, serviu de inspiração ao Professor Henrique José de Souza para criar a palavra eubiose, com significado idêntico àquela. Com efeito, eubiose divide-se em três raízes gregos: eu, “bem”, bios, “vida”, ose, “método”, portanto, a “arte de bem viver”, esta sendo a própria Ciência da Vida ou a Eubiose que cuida do Bem, do Bom e do Belo no cultivo da Alma, predicados se expressando como Ética, Estética e Beleza vindo revelar a verdadeira Mística. 
Que assim é, o próprio Professor Henrique José de Souza o afirma no seu precioso estudo Conselho Úteis – O que é Eubiose, publicado na revista O Luzeiro n.º 5, Outubro de 1955, que assina sob o pseudónimo Lorenzo Paolo Domiciani: 
Eubiose é a Ciência da Vida. E como tal, é aquela que se ensina os meios de se viver em harmonia com as leis da Natureza, e consequentemente, com as leis universais, das quais as primeiras se derivam. Pelo que se vê, nenhuma diferença existe entre Eubiose e Teosofia, porque esta, como Ciência ou Sabedoria Divina, se propõe a mesma coisa, como “Tronco donde se originam as ciências, religiões, filosofias, línguas e tudo o mais quanto já existe e há-de existir no mundo”. Desse modo, não apenas os Adeptos da Boa Lei mas também todos os Iluminados que a este mundo vieram, pautaram as suas vidas eubiótica ou teosoficamente, ensinando aos demais a que agissem do mesmo modo. E isto de acordo com a evolução natural da época dos seus vários aparecimentos.” 
Nesse seguimento, aparece o seguinte título da Carta-Revelação do Professor Henrique J. Souza emitida de São Paulo com a data 13 de Abril de 1963: Cristianismo, Budismo e Teosofia Eubiótica. Adiantando noutra parte: 
“A nossa Obra é um plano universal de evolução que segue três caminhos, desenvolvendo: a Emoção pela Educação; a Inteligência pela Instrução; e a Vontade pelo Trabalho.” 
Isso levou-me a estruturar o “tripé” da Obra do Eterno na Face da Terra, mas foi Carlos Lucas de Souza, discípulo próximo do Professor Henrique, quem primeiro o sugeriu na sua obra volumosa O Raiar de um Novo Mundo, 1968.