Administrador do passado versus
administrador do Terceiro Milênio
Concepções clássicas da Administração
Como consequência da Revolução Industrial,
segundo Chiavenato (2003), houve um crescimento desordenado e caótico das
empresas. Os recursos eram mal aproveitados, portanto havia a necessidade de
aumento da eficiência e de substituição do empirismo por métodos científicos.
Esse contexto foi propício para que
surgissem quase paralelamente as escolas pioneiras da Administração: a
Administração Científica e a Teoria Clássica. O fundador da Administração foi o
engenheiro americano Frederick Winslow Taylor (1856-1915). De acordo com
Chiavenato (2003), Taylor identificou três males nas indústrias (vadiagem
sistemática, desconhecimento pela gerência do trabalho dos operários e falta de
uniformidade dos métodos de trabalho). Para solucionar esse problema, Taylor
propôs a Organização Racional do Trabalho (ORT), que se propõe a buscar a mais
rápida e eficiente forma de se executar uma tarefa, substituindo assim a
observação de companheiros vizinhos, o que levava a diversas formas de
execução.
Quase paralelamente à Administração
Científica, surgiu a Teoria Clássica de Henri Fayol (1841-1925). Ao contrário
de Taylor, que deu ênfase às tarefas, Fayol, por ter sido um homem de cúpula de
grandes empresas, acreditava que a melhor forma para se atingir a eficiência
era garantir a correta disposição dos órgãos componentes. Para que as
organizações conseguissem dispor a organização da melhor maneira possível e,
consequentemente, atingir a eficiência máxima, Fayol estabeleceu as funções
básicas do administrador e da empresa, os elementos e princípios da
Administração.
Apesar de serem utilizados por alguns como
sinônimos, existem pontos de divergências muito marcantes entre a Administração
Científica de Frederick Taylor e a Teoria Clássica de Henri Fayol. Segundo
Chiavenato (2003), enquanto Taylor deu ênfase à tarefa, Fayol deu foco à
estrutura. Taylor se preocupou com a Organização Racional do Trabalho (ORT),
que, por meio da análise do trabalho e estudo dos tempos e movimentos, do
estudo da fadiga humana, da padronização dos métodos e da especialização do
trabalho, buscava as condições que permitissem ao operário produzir com o
máximo de eficiência.
Por outro lado, Fayol enfatizou a
estrutura, dividindo a organização em cinco funções (técnica, comercial,
financeira, de segurança, contábil e administrativa), definindo os dezesseis
deveres dos gerentes, os quatorze princípios gerais da Administração e os cinco
elementos da Administração (POCCC). É preciso também ressaltar os pontos de
convergências entre as duas teorias da Abordagem Clássica, como: a concepção de
homo economicus, segundo a qual as vantagens financeiras são os únicos fatores
motivadores e o mesmo objetivo (máxima eficiência).
De acordo com Chiavenato (2003), a Teoria
das Relações Humanas (TRH) surgiu no segundo período de Taylor, mas só ganhou
importância com a crise econômica mundial de 1929. A TRH surgiu como uma
resposta esperada ao completo desprezo dos aspectos humanos pela Abordagem
Clássica e foi bastante influenciada pela Psicologia, uma ciência humana
emergente na época. A grande impulsora da TRH foi a experiência de Hawthorne,
uma experiência realizada pelo Conselho Nacional de Pesquisas na fábrica de
Hawthorne da Western Eletric Company.
O comandante da experiência foi o cientista
social australiano Elton Mayo, que, para muitos, é o principal representante da
TRH. A experiência foi dividida em quatro fases e suas principais conclusões
foram: a enorme relevância da integração social para a produtividade, a
importância dos grupos sociais e do conteúdo do cargo. A principal contribuição
da TRH foi a agregação de novos conceitos, como: motivação, liderança e
comunicação. De acordo com Chiavenato (2003, p. 254-255), na teoria
administrativa, a abordagem estruturalista surgiu com o crescimento das
burocracias, em uma perspectiva de análise que vai além dos fenômenos internos
da organização, visão pela qual as escolas de até então se restringiam.
Para Motta, essa abordagem sintetiza as
teorias clássicas e as de relações humanas, porém ganhando novas dimensões que
envolvem todas as variáveis da organização. Como afirma Chiavenato (2003), Max
Weber foi o primeiro teórico dessa abordagem, que, em uma análise voltada para
a estrutura, acreditava que a burocracia era a organização por excelência.
Segundo Motta (1975, p. 46), a preocupação de Weber está na racionalidade,
entendida como a adequação dos meios aos fins. E uma organização é racional
quando é eficiente. Assim, para Weber, a burocracia era a forma mais eficiente
de uma organização. Max Weber descreveu um tipo de estrutura burocrática,
acreditando que era comum à maioria das organizações formais.
No entanto, como ressalta Maximiano (2000),
Weber não definiu um modelo-padrão para ser aplicado, apenas esquematizou as
principais características da burocracia existente. Weber, como citado em
Maximiano (2000, p. 88), ao sistematizar seu estudo da burocracia, começa com a
análise dos processos de dominação ou autoridade. Para Weber, “a autoridade é a
probabilidade de haver obediência dentro de um grupo determinado”. Ele
distinguia três tipos de sociedade e autoridade, descritas a seguir.
De acordo com Chiavenato (2003, p.
258-262), na sociedade tradicional, predominavam características
conservacionistas, patriarcais e patrimonialistas; a autoridade que a preside é
dita tradicional, na qual a obediência é justificada pela tradição, pelo hábito
ou pelo costume. Na sociedade carismática (partidos políticos, grupos
revolucionários, nações em revolução), onde geralmente existem características
místicas, arbitrárias e personalísticas; a autoridade (carismática) que a
preside é justificada pela influência de um líder detentor de qualidades que o
destacam.
As sociedades burocráticas (as grandes
empresas, os estados modernos, os exércitos) são caracterizadas por
predominarem normas impessoais racionalmente definidas; o tipo de autoridade
(burocrática, legal ou racional) é justificado pela técnica, pela justiça na
lei e pela meritocracia. De acordo com Chiavenato (2003, p. 266-267), a
burocracia, segundo Weber, traz consigo diversas vantagens. Primeiramente,
devido à sua racionalidade, o que significa dizer que procura os meios mais
eficientes para atingir as metas da organização. A precisão com que cada cargo
é definido proporciona o conhecimento exato de cada responsabilidade. Como as
atividades são organizadas em rotinas e realizadas metodicamente, e,
consequentemente, tornam-se previsíveis, acaba por conduzir à confiabilidade
entre as pessoas, evitando, assim o atrito entre elas.
A rapidez nas decisões é obtida pela
tramitação de ordens e papéis e pela uniformidade de rotinas e regulamentos que
colaboram para a redução de erros e custos. A facilidade de substituição
daquele que é afastado e os critérios de seleção apenas por competência técnica
garantem a continuidade do sistema burocrático e este último evita o nepotismo.
O trabalho é profissionalizado, assim os funcionários são treinados e
especializados pelo seu mérito, trazendo benefícios para as organizações.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Teorias_da_administra%C3%A7%C3%A3o
Como descrito por Chiavenato (2003, p.
268), o tipo ideal de burocracia weberiana tinha como uma das características a
previsibilidade do seu funcionamento, contribuindo para a obtenção de maior
eficiência organizacional. Porém, autores como Merton encontraram limitações na
obra de Weber, partindo para uma análise crítica da realidade descrita por ele.
Para Merton, não existe uma organização completamente racional, como proposto
por Weber. Até porque o tipo ideal de burocracia tendia a ser modificado pelos
homens. Merton notou que a burocracia leva também a consequências imprevistas,
que conduzem às ineficiências e às imperfeições e estas, por sua vez, são enfatizadas
e exageradas pelos leigos.
A esse fenômeno, Merton denomina de
disfunções da burocracia, que serão descritas a seguir, segundo Chiavenato
(2003), como internalização das regras e apego aos regulamentos, excesso de
formalismo e de papelório, resistência às mudanças, dificuldade no atendimento
a clientes e conflitos com o público.
Concepções contemporâneas da Administração
A Teoria Estruturalista, assim como a
Teoria da Burocracia, faz parte também da abordagem estruturalista. O enfoque
da teoria estruturalista é a estrutura e o ambiente, assim, de acordo com
Chiavenato (2003), essa teoria trouxe uma importante ruptura com relação às
anteriores. Ela mostra a organização como sendo um sistema aberto que se
relaciona com o ambiente e com outras organizações. A Teoria Estruturalista
baseia-se no conceito de estrutura, que é um todo composto por partes que se
inter-relacionam. Portanto, o todo é maior do que a simples soma das partes. O
que significa que os sistemas organizacionais não são a mera justaposição das
partes.