Política
O comissariado não toma jeito, por Elio Gaspari
Elio Gaspari, O Globo
O PT tem dois ex-presidentes e um ex-tesoureiro condenados a
penas em regime fechado e quer mudar o sistema eleitoral brasileiro para pior.
A saber: José Dirceu deve dez anos e dez meses, José Genoino, seis anos e onze
meses, e Delúbio Soares, oito anos e onze meses. Todos condenados por corrupção
pelo Supremo Tribunal Federal. Todos continuam no partido e Genoino, protegido
pelo manto das prerrogativas do Legislativo, ocupa uma cadeira de deputado
federal.
Quando o ex-governador Olivio Dutra teve a coragem de dizer
que Genoino deveria renunciar, o deputado André Vargas (PT-PR) lembrou que
quando ele “passou pelos problemas da CPI do Jogo do Bicho, teve a compreensão
de todo mundo”. Pela vontade de seu partido e a compreensão de seus pares,
Vargas é o primeiro vice-presidente da Câmara.
Os comissários blindaram-se na defesa de seus companheiros,
todos condenados por práticas confessas. É direito deles. Quem esperava um sopro
de interesse pela moralidade, perdeu seu tempo. Deu-se o contrário. Na melhor
prática petista, decidiram “partir para cima”. Em vez de discutir a conduta de
seus dirigentes, querem mudar de assunto.
A proposta vem do governador do Rio Grande do Sul, Tarso
Genro. Ele sugere um “revide”. Levanta de novo a bandeira de uma reforma
política que crie o financiamento público para as campanhas eleitorais e
estabeleça o voto de lista para a escolha dos deputados e vereadores.
Pelo voto de lista os eleitores perdem o direito de escolher
o candidato em quem votam. Pelo sistema atual, um cidadão de São Paulo votou em
Delfim Netto e elegeu Michel Temer. É um sistema meio girafa, mas o eleitor
sempre poderá lembrar que votou em Delfim.
Pelo voto de lista, os partidos organizam as listas, o
cidadão vota na sigla e serão eleitos os primeiros nomes da preferência das
caciquias. Se os companheiros do PMDB colocarem Temer em primeiro lugar e
Delfim em 20º, não haverá força humana capaz de levá-lo à Câmara. A escolha deixa
de ser do eleitor, que a vê transferida para partidos, por cujas direções
passaram Genoino, Dirceu, Delúbio. Ou ainda Valdemar Costa Neto, presidente do
PL, condenado a sete anos e dez meses de prisão, e Roberto Jefferson, do PTB,
com sete anos e catorze dias.
O segundo pilar do “revide” é o financiamento público de
campanha. Acaba-se com um sistema no qual os diretores de empresas usam
dinheiro dos acionistas para investir em políticos e transfere-se a conta para
a patuleia. Nesse sistema, por baixo, a Viúva gastaria R$ 1 bilhão para
financiar candidatos.
Todas as maracutaias interpartidárias do mensalão deram-se
ludibriando-se leis vigentes. Ganha uma passagem de ida a Cuba quem acredita
que esse tipo de financiamento acabará com o caixa dois. Se o PT quer falar
sério, pode defender uma drástica limitação das doações de pessoas jurídicas,
deixando a Viúva em paz.
A proposta do “revide” é a síntese ideológica e fisiológica
da mensalagem. Você paga e eles decidem quem irá para a Câmara. Eles, quem?
José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares, Valdemar Costa Neto e Roberto
Jefferson, com um patrimônio de 41 anos e seis meses de cadeia, ou seus dignos
sucessores.
Elio Gaspari é jornalista
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O Governador Irritado com as Pressões Replica????
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Enviado por Ricardo Noblat -
20.02.2013
|
08h27m
Política
O comissariado não toma jeito, por Elio Gaspari
Elio Gaspari, O Globo
O PT tem dois ex-presidentes e um ex-tesoureiro condenados a
penas em regime fechado e quer mudar o sistema eleitoral brasileiro para pior.
A saber: José Dirceu deve dez anos e dez meses, José Genoino, seis anos e onze
meses, e Delúbio Soares, oito anos e onze meses. Todos condenados por corrupção
pelo Supremo Tribunal Federal. Todos continuam no partido e Genoino, protegido
pelo manto das prerrogativas do Legislativo, ocupa uma cadeira de deputado
federal.
Quando o ex-governador Olivio Dutra teve a coragem de dizer
que Genoino deveria renunciar, o deputado André Vargas (PT-PR) lembrou que
quando ele “passou pelos problemas da CPI do Jogo do Bicho, teve a compreensão
de todo mundo”. Pela vontade de seu partido e a compreensão de seus pares,
Vargas é o primeiro vice-presidente da Câmara.
Os comissários blindaram-se na defesa de seus companheiros,
todos condenados por práticas confessas. É direito deles. Quem esperava um
sopro de interesse pela moralidade, perdeu seu tempo. Deu-se o contrário. Na
melhor prática petista, decidiram “partir para cima”. Em vez de discutir a
conduta de seus dirigentes, querem mudar de assunto.
A proposta vem do governador do Rio Grande do Sul, Tarso
Genro. Ele sugere um “revide”. Levanta de novo a bandeira de uma reforma
política que crie o financiamento público para as campanhas eleitorais e
estabeleça o voto de lista para a escolha dos deputados e vereadores.
Pelo voto de lista os eleitores perdem o direito de escolher
o candidato em quem votam. Pelo sistema atual, um cidadão de São Paulo votou em
Delfim Netto e elegeu Michel Temer. É um sistema meio girafa, mas o eleitor
sempre poderá lembrar que votou em Delfim.
Pelo voto de lista, os partidos organizam as listas, o
cidadão vota na sigla e serão eleitos os primeiros nomes da preferência das
caciquias. Se os companheiros do PMDB colocarem Temer em primeiro lugar e
Delfim em 20º, não haverá força humana capaz de levá-lo à Câmara. A escolha
deixa de ser do eleitor, que a vê transferida para partidos, por cujas direções
passaram Genoino, Dirceu, Delúbio. Ou ainda Valdemar Costa Neto, presidente do
PL, condenado a sete anos e dez meses de prisão, e Roberto Jefferson, do PTB,
com sete anos e catorze dias.
O segundo pilar do “revide” é o financiamento público de
campanha. Acaba-se com um sistema no qual os diretores de empresas usam
dinheiro dos acionistas para investir em políticos e transfere-se a conta para
a patuleia. Nesse sistema, por baixo, a Viúva gastaria R$ 1 bilhão para
financiar candidatos.
Todas as maracutaias interpartidárias do mensalão deram-se
ludibriando-se leis vigentes. Ganha uma passagem de ida a Cuba quem acredita
que esse tipo de financiamento acabará com o caixa dois. Se o PT quer falar
sério, pode defender uma drástica limitação das doações de pessoas jurídicas,
deixando a Viúva em paz.
A proposta do “revide” é a síntese ideológica e fisiológica
da mensalagem. Você paga e eles decidem quem irá para a Câmara. Eles, quem?
José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares, Valdemar Costa Neto e Roberto
Jefferson, com um patrimônio de 41 anos e seis meses de cadeia, ou seus dignos
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Fonte: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2013/02/20/o-comissariado-nao-toma-jeito-por-elio-gaspari-486942.asp