quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
Artigo, Elio Gaspari - O comissariado não toma jeito. O caso Tarso Genro.
* Clipping de material publicado numa rede brasileira de jornais.
Tarso quer que o Congresso revide: você pagará as campanhas e os partidos dirão quem será eleito
O PT tem dois ex-presidentes e um ex-tesoureiro
condenados a penas em regime fechado e quer mudar o sistema eleitoral
brasileiro para pior. A saber: José Dirceu deve dez anos e dez meses,
José
Genoino, seis anos e onze meses e Delúbio Soares, oito anos e onze
meses. Todos
condenados por corrupção pelo Supremo Tribunal Federal. Todos continuam
no
partido e Genoino, protegido pelo manto das prerrogativas do
Legislativo, ocupa
uma cadeira de deputado federal. Quando o ex-governador Olívio Dutra
teve a
coragem de dizer que Genoino deveria renunciar, o deputado André Vargas
(PT-PR)
lembrou que quando ele "passou pelos problemas da CPI do Jogo do Bicho,
teve a compreensão de todo mundo". Pela vontade de seu partido e a
compreensão de seus pares, Vargas é o primeiro vice-presidente da
Câmara.Os comissários blindaram-se na defesa de seus
companheiros, todos condenados por práticas confessas. É direito deles.
Quem
esperava um sopro de interesse pela moralidade, perdeu seu tempo. Deu-se
o
contrário. Na melhor prática petista, decidiram "partir para cima".
Em vez de discutir a conduta de seus dirigentes, querem mudar de
assunto.A proposta vem do governador do Rio Grande do Sul, Tarso
Genro, Ele sugere um "revide". Levanta de novo a bandeira de uma
reforma política que crie o financiamento publico para as campanhas
eleitorais
e estabeleça o voto de lista para a escolha dos deputados e
vereadores.Pelo voto de lista os eleitores perdem o direito de
escolher o candidato em quem votam. Pelo sistema atual, um cidadão de
São Paulo
votou em Delfim Netto e elegeu Michel Temer. É um sistema meio girafa,
mas o
eleitor sempre poderá lembrar que votou em Delfim. Pelo voto de lista,
os
partidos organizam as listas, o cidadão vota na sigla e serão eleitos os
primeiros nomes da preferência das caciquias. Se os companheiros do PMDB
colocarem Temer em primeiro lugar e Delfim em 20º, não haverá força
humana
capaz de levá-lo à Câmara. A escolha deixa de ser do eleitor, que a vê
transferida para partidos, por cujas direções passaram Genoino, Dirceu,
Delúbio. Ou ainda Valdemar Costa Neto, então presidente do PL, condenado
a sete
anos e dez meses de prisão e Roberto Jefferson, do PTB, com sete anos e
catorze
dias.
O segundo pilar do "revide" é o financiamento
público de campanha. Acaba-se com um sistema no qual os diretores de empresas
usam dinheiro dos acionistas para investir em políticos e transfere-se a conta
para a patuleia. Nesse sistema, por baixo, a Viúva gastaria R$ 1 bilhão para
financiar candidatos. Todas as maracutaias interpartidárias do mensalão
deram-se ludibriando-se leis vigentes. Ganha uma passagem de ida a Cuba quem
acredita que esse tipo de financiamento acabará com o caixa dois. Se o PT quer
falar sério, pode defender uma drástica limitação das doações de pessoas
jurídicas, deixando a Viúva em paz.
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