Arqueóloga egípcia usa mídia social para denunciar roubos de antiguidades
Em agosto passado, Monica Hanna entrou no Museu Nacional Malavi, em Minya, no Egito, armada apenas com um celular e sua conta no Twitter, enquanto saqueadores fugiam em correria desabalada. Praticamente todos os objetos que ela amava desde a infância – múmias, amuletos, escaravelhos e esculturas de íbis – tinham sumido.
A seguir, ela recitou sítio após sítio – alguns conhecidos dos turistas, como Gizé e as antigas Heliópolis e Mênfis, e outros que nunca foram adequadamente escavados – onde ladrões usando escavadoras, dinamite ou as próprias mãos 'devoraram uma herança arqueológica com cinco mil anos de idade'.
Hanna é formada em egiptologia e química pela Universidade Americana do Cairo e é doutora pela Universidade de Pisa, Itália. Líder de pessoas comuns contra a pilhagem que destroça o Egito desde a revolta de 2011 no país, ela caça os bandidos e alerta autoridades públicas, viaja a sítios isolados para registrar os danos, enfrenta ameaças e um ou outro tiro de esquadrões de saques, além de apelar para os egípcios mais jovens a abraçar a herança fabulosa de sua terra em vez de pilhar templos e sepulturas em busca de dinheiro rápido.
Segundo ela, durante décadas o egípcio médio 'acreditou que a herança pertencia ao Estado, aos turistas e não ao povo'. Por causa disso, a juventude é facilmente convencida pelos mais velhos a ajudar a saquear cemitérios e sítios arqueológicos religiosos num estilo que lembra a roubalheira em 'Oliver Twist', de Dickens.
'Existe um homem chamado Fagin que despacha essas crianças para cavar e compra tudo que trouxerem'.
Às vezes a pilhagem é um tumulto e os sítios são rapidamente abandonados. Outras vezes, uma área é confiscada abertamente por uma 'máfia da terra' que desenterra metodicamente tumbas, vende as joias, o linho e ornamentos encontrados, depois prepara o terreno para construção.
Ela afirma que a pilhagem e a profanação somente vão terminar depois que os egípcios 'começarem a se preocupar com isso pessoalmente'. Porém, acrescentou que 'a tendência humana à cobiça é muito forte'.
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