F.: http://ahduvido.com.br/experimento-russo-da-privacao-de-sono-e-as-teorias-sobre-o-tema
Existem muitas lendas, anteriores ao estabelecimento dos
Códigos Internacionais de Ética nas inúmeras áreas científicas, que
envolvem experimentos bizarros. A Ciência começou a tomar um rumo mais crítico
sobre certas práticas depois dos anos 60. Antes disso, as grandes nações
estavam preocupadas com seus avanços científicos e como naquela
época a Ciência andava com rédeas soltas, sem
restrição ou limites, nada impedia as bizarrices de tomar forma. Tudo que
era válido para alcançar qualquer evolução nas mais diversas áreas do
conhecimento humano era realizado. Entre os experimentos bizarros que foram
realizados há uma história, melhor dizendo, uma lenda urbana que
ficou famosa e ocupou a mente dos exploradores da creepypasta por muito tempo.
Trata-se do experimento russo de privação de sono.
Existia, naquela época, uma gigantesca curiosidade do que a
privação do sono era capaz de fazer com as pessoas. Os governos, em especial, o
russo, tinha interesse no que aconteceria se os mecanismos produzidos pelo estado
intenso repouso fosse arrancado do homem, vedando as cobaias de dormir durante
um tempo longo. Uma das idéias é que a privação do sono tinha o efeito “língua solta”,
tal como o soro da verdade, seria capaz de, por exemplo, fazer
um espião capturado revelar os mais importantes segredos.
Hoje, os estudos sobre essa área já foram bastante
explorados e como se sabe através deles, os experimentos de privação de sono
são práticas perigosas e que o sono tem papel fundamental na capacidade de
aprendizado e no processo de consolidação da memória, sendo que o organismo
começa a responder negativamente após 27 horas sem descanso ( O Guiness
Book reconhece como recorde mundial de privação de sono, a façanha realizada
pelo filandês Toimi Soni, em 1989, que passou 276 horas (11 dias e meio) sem
dormir, sem estimulantes.)
Contudo, na década dos conflitos, pouco se sabia e uma
pesquisa tão atormentadora como essa era, sem dúvidas, unica. Os
pesquisadores russos, no final dos anos 40, deixaram cinco pessoas acordadas
por quinze dias ( algumas versões da história dizem vinte cinco dias), usando
um gás experimental como estimulante. Eles foram mantidos em um ambiente
selado, e monitorando o oxigênio deles, para que o gás não os matasse, já que
possuía altos níveis de uma toxina concentrada. Para observá-los, havia um
circuito interno de câmeras com microfones de cinco polegadas (N/T: aprox. 12
cm) e janelas menores que janelas de vigia dentro do ambiente. A câmara estava
cheia de livros e berços para dormir, mas sem lençóis, água corrente e
banheiro; também havia comida seca para todos os cinco. O experimento tinha
duração prevista de um mês.
As cobaias do teste eram prisioneiros políticos declarados
inimigos do Estado durante a Segunda Guerra Mundial.
Tudo estava bem nos primeiros 5 dias (10 primeiros dias em
outras versões), as cobaias dificilmente reclamavam, já que haviam sido
avisados (falsamente) de que seriam libertados se participassem do teste e não
dormissem por 30 dias. Suas conversas e atividades eram monitoradas, e foi
notado que elas conversavam constantemente sobre incidentes traumáticos no
passado, e o tom geral da conversa tomou um tom sombrio a partir do 4º dia (ou
nono, dependendo da versão).
Depois de cinco dias(ou dez), as cobaias começaram a
reclamar das circunstâncias e eventos que os trouxeram à atual situação e
começaram a demonstrar paranóia severa. Elas pararam de falar um com os outros
e de começaram a sussurar alternadamente nos microfones. Estranhamente, eles
pensavam que poderiam conseguir a confiança dos cientistas ao se tornarem seus
colegas, e tentavam conquistá-los. No começo, os pesquisadores suspeitaram que
se tratava de algum efeito do gás…
Depois de nove dias(ou quinze), o primeiro deles começou a
gritar. Ele corria por toda a extensão da câmara gritando a plenos pulmões por
3 horas seguidas. Ele continuou a gritar, mas só conseguia produzir alguns
grunhidos. Os pesquisadores acreditaram que ele conseguira fisícamente romper
suas cordas vocais. O mais surpreendente disse comportamento foi como os outros
reagiram a isso… ou não reagiram. Eles continuaram a sussurrar nos microfones
até que o segundo prisioneiro começou a gritar. Os que não gritavam pegaram os
livros disponíveis, arrancando página atrás de página e começaram a colá-las
sobre o vidro das vigias usando as próprias fezes. Os gritos logo pararam.
Mais 3 dias se passaram. Os pesquisadores checavam os
microfones de hora em hora para ter certeza de que funcionavam, já que pensavam
ser impossível que 5 pessoas não poderiam estar produzindo som algum. O consumo
de oxigênio indicava que as 5 pessoas ainda estavam vivas. Na verdade,
acontecera um aumento no oxigênio, indicando um nível que 5 pessoas teriam
consumido após exercícios pesados. Na manhã do 14º
dia(ou décimo nono), os pesquisadores usaram um interfone dentro da
câmara, esperando alguma reação dos prisioneiros, que não estavam dando sinais
de vida, e os cientistas acreditavam que estavam mortos ou vegetando.
Eles disseram: “Estamos abrindo a câmara para testar
os microfones, fiquem longe da porta e deitem no chão ou atiraremos. A
colaboração dará a um de vocês liberdade imediata.”
Para a surpresa de todos, alguém respondeu calmamente em uma
única frase: “Não queremos mais sair.”
Discussões começaram a surgir entre os pesquisadores e as
forças militares que criaram a pesquisa. Não conseguindo mais resposta alguma
através do interfone, foi finalmente decidido abrir a porta à meia-noite do 15º
dia (20 dia).
O gás estimulante foi retirado da câmara e substituído por
ar fresco, imediatamente vozes vindas dos microfones começaram a reclamar. Três
vozes diferentes imploravam pela volta do gás, como se pedissem para que
poupassem a vida de alguém que amassem. A câmara foi aberta e soldados entraram
para retirar as cobaias. Elas começaram a gritar mais alto do que nunca, e o
mesmo fizeram os soldados quando viram o que tinha dentro. Quatro das cinco
cobaias estavam vivas, embora ninguém pudesse descrever o estado deles como
“vivos”.
As rações a partir do dia 5 (ou décimo) não haviam sido
tocadas. Havia pedaços de carne vindas do peito e das pernas tapando o ralo no
centro da câmara, bloqueando-o e deixando 4 polegadas (N/T: 10cm) de água
acumulando no chão. Nunca determinou-se o quanto dessa água era na verdade
sangue.
Os quatro “sobreviventes” do teste também tinham grandes
porções de músculo e pele extraídos de seus corpos. A destruição da carne e
ossos expostos na ponta de seus dedos indicava que as feridas foram feitas à
mão, e não por dentes como se pensava inicialmente. Um exame mais delicado na
posição das feridas indicou que alguns, senão todos, ferimentos foram
auto-induzidos.
Os órgãos abdominais abaixo da costela das quatro cobaias
havia sido rompidos. Enquanto o coração, pulmões e diafrágma estavam no lugar,
a pele e a maioria dos órgãos ligados à costela haviam sido removidos, expondo
os pulmões através delas. Todos os vasos sanguíneos e órgãos remanescentes
permaneceram intactos, eles só haviam sido retirados e colocados no chão,
rodeando os corpos eviscerados, mas ainda vivos das cobaias. Podia-se ver o
trato digestivo dos quatro trabalhando, digerindo comida. Logo ficou aparente
que o que estava sendo digerido era a própria carne que eles haviam arrancado e
comido durante os dias.
A maioria dos soldados ali presentes eram das operações
especiais russas, mas muitos se recusaram a voltar à câmara e remover as
cobaias. Elas continuaram a gritar para serem deixadas ali e também pediam para
que o gás voltassem.Para a surpresa de todos, as cobaias ainda lutaram durante
o processo de serem removidas da câmara. Um dos soldados russos morreu ao ter
sua gargante cortada, e outro foi gravemente ferido ao ter seus testículos
arrancados e uma artéria da sua perna atingida pelos dentes de uma das cobaias.
Outros cinco soldados perderam suas vidas, se você contar os que se suicidaram
depois do que viram, semanas depois do incidente.
Durante a luta, um dos quatro sobreviventes teve seu baço
rompido, e ele começou a perder muito sangue quase que imediatamente. Os
pesquisadores médicos tentaram sedá-lo mas foi impossível. Ele havia sido
injetado com mais de dez vezes a dose normal de morfina para humanos e ainda
lutava como um animal, quebrando as costelas e o braço de um médico. Houve um
ponto em que seu coração bateu fortemente por dois minutos, após ele ter
sangrado tanto ao ponto de ter mais ar em seu sistema vascular do que sangue.
Mesmo depois do coração ter parado, ele ainda continuou a gritar e a lutar por
2 minutos, gritando a palavra “MAIS” sem parar até ficar fraco e finalmente
calar-se e morrer.O terceiro sobrevivente
estava muito debilitado e foi levado para um consultório, os
outros dois com as cordas vocais intactas continuavam a implorar pelo gás para
serem mantidos acordados…
O mais ferido dos três foi levado para a única sala
cirúrgica que ali havia. Durante o processo de preparar a cobaia para receber o
tratamento cirúrgico, foi descoberto que ela era totalmente imune ao
sedativo que estavam dando. O homem lutou furiosamente contra as amarras que o
prendiam à cama quando trouxeram gás anestésico para sedá-lo. Ele conseguiu
rasgar mais de 4 polegadas (N/T: 10cm) de couro das amarras de um dos pulsos,
mesmo com um soldado de 90kg segurando o mesmo pulso. Levou mais do que o
necessário de anastésico para sedá-lo, e na mesma hora em que suas pálpebras se
fecharam, seu coração parou. Na autópsia foi reveleado que seu sangue possuía o
triplo do normal de oxigênio. Os músculos que estavam presos aos seus ossos
estavam destruídos, e ele havia quebrado 9 ossos na luta para não ser sedado. A
maioria eram pela força que seus próprios músculos haviam exercido. Teria ele,
provavelmente, atingido o estado conhecido como “berserk”, porém, ainda mais
potente que esse.
O segundo sobrevivente era o que primeiro que começara a
gritar entre os cinco. Suas cordas vocais estavam destruídas, e ele não era
capaz de gritar e implorar para não passar por cirurgia, e a única forma de
reação que ele exibia era sacudir sua cabeça violentamente em desaprovação
quando o gás anestésico foi trazido. Ele balançou sua cabeça positivamente
quando alguém sugeriu, relutantemente, se os médicos aceitavam fazer a cirurgia
sem a anestesia. O sobrevivente não reagiu durante as 6 horas de procedimentos
do tratamento cirúrgico para reparar os órgãos afetados e
tentar cobrí-los com o que restou de pele. O cirurgião de plantão repetia
várias vezes que era medicamente impossível o paciente estar vivo. Uma
enfermeira aterrorizada que assistia à cirurgia constatou que vira a boca do
paciente virar um sorriso toda vez que seus olhos se encontraram.
Quando a cirurgia acabou, o paciente olhou para o cirurgião
e começou a grunhir alto, tentando falar enquanto lutava. Acreditando ser algo
de extrema importância, o médico pegou uma caneta e papel para que o
sobrevivente escrevesse sua mensagem, “Continue cortando.”
Os outros dois sobreviventes passaram pela mesma cirurgia,
os dois sem anestésico. Mas ambos tiverem um paralisante injetado durante a
operação, pois o cirurgião achou impossível continuar o procedimento enquanto
os pacientes se debatiam histericamente. Uma vez paralisados, as cobaias só
podiam acompanhar o procedimento com os olhos, mas logo o efeito do paralisante
passou e em questão de segundos eles começaram a lutar contra suas amarras.
Quando perceberam que podiam falar novamente, começaram a pedir pelo gás estimulante.
Os pesquisadores tentaram perguntar porque eles haviam se ferido, porque haviam
arrancado as próprias entranhas, e porque queriam tanto aquele gás.
Uma única resposta foi dada: “Eu preciso ficar
acordado.”
Todas as três cobaias sobreviventes foram colocadas de volta
na câmara, enquando esperavam alguma resposta para o que seria feito com elas.
Os pesquisadores, encarando a ira dos “benfeitores” militares, por terem
falhado em seus objetivos, consideraram eutanásia aos pacientes. O comandante
do processo, um chefe da ex-KGB, viu algumas possibilidades, e quis que as
cobaias fossem colocadas novamente sob o gás estimulante. Os pesquisadores se
recusaram fortemente, mas não tiveram escolha.
Em preparação para serem seladas novamente na câmara, as
cobaias foram conectadas a um monitor EEG (N/T: Eletroencefalograma, que mede
as ondas cerebrais), e tiveram suas extremidades acolchoadas para evitar que se
auto-infligisse ferimentos. Para a surpresa de todos, todos os três pararam de
lutar assim que souberam que seriam colocados de volta ao gás.
Era óbvio que até aquele ponto, os três estavam lutando para
ficarem acordados. Um dos sobreviventes, que podia falar, estava cantarolando
alto e continuosamente; a cobaia calada estava tentando soltar suas pernas das
amarras com toda a sua força; primeiro a esquerda, depois a direita, depois a
esquerda novamente, como se quisesse se focar em algo.
A cobaia restante estava mantendo sua cabeça longe de seu
travesseiro e piscando rapidamente. Como fora o primeiro a ser conectado ao
EEG, a maioria dos pesquisadores estava monitorando suas ondas cerebrais. Elas
estavam normais na maioria das vezes, mas às vezes se tornavam uma linha reta,
sem explicação. Era como se ele estivesse sofrendo mortes cerebrais constantes.
Enquanto se focavam no papel que o monitor soltava, apenas uma enfermeira viu
os olhos do paciente se fecharem assim que sua cabeça atingiu o travesseiro.
Suas ondas cerebrais mudaram para aquelas de sono profundo e então tornaram-se
uma linha reta pela última vez enquanto seu coração parava na mesma hora.
A única cobaia que podia falar começou a gritar. Suas ondas
cerebrais mostravam as mesmas linhas retas que o paciente que acabara de
morrer. O comandante deu a ordem para ser selado dentro da câmara com as duas
cobaias e mais três pesquisadores. Nesse momento, um dos pesquisadores
enlouqueceu ao saber que seria confinado. Assim que entraram na câmara, esse
pesquisador não exitou, pegou sua arma e atirou entre os olhos do comandante,
depois voltou para a cobaia muda e também atirou em sua cabeça.
Ele apontou sua arma para o paciente restante, ainda preso à
cama enquanto os outros pesquisadores saíam da sala. “Eu não quero
ficar preso aqui com essas coisas! Não com você!” ele gritou para o
homem amarrado “O QUE É VOCÊ?” ele ordenou “Eu preciso
saber!”
“Você se esqueceu?” O paciente perguntou “Nós
somos você. Nós somos a loucura que vaga em todos vocês, implorando para sermos
soltos toda vez dentro de sua mente animal. Nós somos aquilo de que vocês se
escondem em suas camas toda noite. Nós somos aquilo que vocês sedaram no
silêncio e paralisam quando vocês atingem o paraíso noturno do qual não podem
sair.”
O pesquisador ficou quieto. E então mirou no coração do
paciente e atirou.
O EEG tornou-se uma linha reta enquanto o paciente gaguejava “livre”
A creppypasta aponta a autoria da história à um livro
escrito em 1998, em russo, após as aberturas dos arquivos da KGB em 1995. O
livro que constava com inúmeros arquivos relacionado as operações secretas
russas, teria a narração dessa atividade secreta. Logicamente, por se tratar de
uma lenda urbana, nada disso pode ser confirmado, muito menos podemos dizer até
que ponto isso é verdade ou mesmo se é verdade. Em alguns fóruns a
autoria do texto é atribuída a rodrigo31, colaborador de um site de
fanfictions. Todavia, outros afirmam que a data de entrada da história em
alguns fóruns é anterior a data de entrada da história no site de
fanfiction, o que leva ao prolongamento da discussão sobre a autoria e
veracidade da obra.
Teorias e privação do sono
O interessante de toda essa bizarrice é que ela estimulou a
imaginação de alguns dos usuários desses canais que começaram a teorizar
sobre uma questão que intriga a Ciência há tempos:por que a privação do sono
pode ocasionar a morte?
Apesar de sabermos que o sono é essencial para que o
organismo realize diversas de suas funções, a Ciência ainda não sabe responder
por completo a questão do porquê a privação pode causar a morte. Ensaios
realizados com camundongos mostraram que sem o alcance do estágio REM,
ocorre a falência múltipla dos órgãos entre 3 e 8 semanas.
Como o ensaio nunca foi realizado em humanos, por ser obviamente, totalmente
anti-ético, não se sabe o que realmente acontece conosco após um
longo período de privação do sono. Já foi constato em
humanos, em pesquisa controladas, que a privação do sono causa efeitos
negativos no organismo nos humanos após 27 horas sem descanso. Depois disso, o
organismo começa a tentar bruscamente adaptar-se a situação. Quando não
consegue, a pessoa automaticamente apaga, em outras palavras, desmaia. Quando
consegue, todavia, o organismo começa sofrer lesões, que embora pequenas, vão
se agravando com passar do tempo.
No final de Outubro de 2007, um estudo publicado na “Current
Biology”, dirigido por Matthew Walker, do Laboratório do Sono e Neuroimagem da
Univesidade da Califórnia, mostrou alguns efeitos da privação do sono em
transtornos psiquiátricos. “É quase como se, com a falta de sono, o
cérebro ficasse com uma atividade mais primitiva”, diz Walker. Um Grupo de
26 pessoas, dividido em dois, foi testado e a metade do grupo que passou cerca
de 35 horas sem dormir, ao observar imagens desagradáveis, teve
reações cerebrais 60% mais intensas que o outro grupo, que dormiu normalmente.
A privação de sono, segundo o pesquisador, destrói mecanismos que regulam
aspectos chave da saúde mental. Walker afirma: “O ponto básico é o de
que o sono não é um luxo. É uma necessidade biológica e sem ele o indivíduo
pode sofrer conseqüências cognitivas e emocionais”.
Também foi constatado em estudos que a privação muito
prolongada do sono pode causar demência temporária, alucinações,
distúrbios mentais dos mais variados, dores/atrofia/perda de massa
muscular, perda de peso, danos ao sistema metabólico, danos cerebrais-
inclusive pode desencadear a doença o mal de Alzheimer - entre outros
danos a sáude.
Caso Randy Gardner
Outro experimento ocorreu em 1965. O caso de Randy Gardner foi documentado e acompanhado por um neurologista. Gardner, aos 17 anos, permaneceu acordado 11 dias só por diversão, e sem usar drogas estimulantes. Assim descreve seu caso o neurologista David Linden que acompanhou o caso:
Durante este período, Gardner a princípio foi ficando com
mau humor, seus gestos foram-se tornando mais torpes e seu estado de ânimo era
cada vez mais irritável. À medida que o tempo avançava, começou a ter delírios
-dizia que era um famoso jogador profissional de futebol americano-, depois
teve alucinações visuais -viu um caminho que cruzava um bosque que se estendia
justo onde terminava seu dormitório-, paranoias e uma ausência completa de
concentração mental. De forma surpreendente, após quinze horas de sono, quase
todos estes sintomas se mitigaram. Aquele incidente ao que parece não deixou em
Gardner nenhuma lesão física, cognitiva ou emocional duradoura.
O tempo máximo que uma pessoa pode se manter sem dormir não
é conhecido com exatidão. E, ainda que não exista bibliografia científica de
humanos que tenham morrido por privação total do sono, há indícios deste tipo
de morte nos experimentos que os nazistas realizaram nos campos de extermínio
durante a Segunda Guerra Mundial, bem como relatórios de execuções na China do
século XIX na qual foi aplicado.
Estes documentos sugerem que a morte chega entre a
terceira e quarta semana da privação de sono.
A este respeito, também existe uma doença sumamente rara
chamada Insônia Familiar Fatal (IFF). Este transtorno genético
apresenta-se entre os 50 e 60 anos, de um dia para outro, e os sintomas são que
a pessoa não consegue mais dormir. Ainda que o paciente tente em vão conciliar
o sono, só consegue um estado de letargia que não permite o descanso. Após oito
meses, a fase final da insônia leva a um coma profundo e sem volta. Atualmente
não existe tratamento nem cura para esta doença.
Meu caso de privação de sono
Não sou de
falar da minha vida particular no blog mas como já passei por uma grande prova
de privação do sono, irei abrir uma exceção.
Vocês sabem que todo adolescente tem uma queda por fazer
coisas idiotas e sem noção e sem precisar de motivo. Assim era eu aos 15 anos.
Em uma viagem de acampamento escolar, que tinha duração de cinco dias
e não tinha nenhuma supervisão dos professores, eu e a minha turma decidimos
que iríamos passar os cinco dias do acampamento ACORDADOS. Nem preciso dizer
que isso foi uma imensa
besteira. Estávamos infligindo auto-tortura por nada.
Desse acontecimento o unico presente que recebi foi uma
história muito sinistra para contar para os outros. Até o terceiro dia deu para
levar numa boa, nada de anormal aconteceu, somente fiquei com uma intensa dor
de cabeça, cansaço e um constante enjôo. Do terceiro dia
em diante a situação ficou tensa.
Na noite do terceiro dia lembro que constantemente avistava
uma espécie de vultos rodeando a cabana
onde estávamos instalados. Comecei a me sentir vigiado, tinha a
sensação que havia alguém observando mesmo quando estava sozinho. Um medo
descomunal surgiu e eu fiquei completamente atordoado. Quando a manhã do quarto
dia chegou, o medo cessou. Lembro que tudo me incomodava, principalmente a luz
do Sol. Não sentia mais fome porque tudo que comia me enjoava e causava ânsia
de vomito. Eu olhava para floresta e ela parecia distorcer, as árvores somos nozes pareciam se mexer, outras
pareciam que estavam caindo. Estava extremamente cansado, principalmente,
porque nos dias anteriores, praticávamos atividades esportivas, como
jogar futebol e vôlei pelo menos 3 horas diárias. No quarto dia
estava tão fraco e tão irritado com tudo que só a idéia de sair da cabana já
era completamente estressante. Fiquei sentado boa parte do dia, sem fazer nada.
Recordo que dois dos meus amigos não resistiram e foram
dormir e uma das meninas ficou muito incomodada com a idéia dos dorminhocos.
Ela estava deitada no chão próximo a cadeira onde estava sentado, reclamando o
tempo todo e de repente começou a gritar comigo por um motivo que desconheço
até hoje, pois não dava a mínima para o que ocorria ao redor, só
queria ficar sem fazer nada. Ela se levantou e acordou os dois que foram
dormir.
Na noite do quarto dia, a situação tinha ficado
bastante insustentável. Todo mundo discutia com todo mundo por causa de
nada. As alucinações aumentaram e hora ou outra avistava uma sombra
rodeando um ou outro(a) amigo(a). Deitei um pouco e quando fui fechar os olhos,
um amigo gente boa, entrou no quarto tocando aquelas buzinas portáteis a
gás. Fiquei completamente sem norte, levantei, sai da cabana, andei para o meio
da floresta, vi umas coisas muito estranhas e corri de volta para cabana. Nesse
meio tempo já tinha rolado umas brigas feias dentro da cabana, fiquei sabendo
dias depois que retornei da viagem. Com a paranóia tomando conta, o jeito era
ficar parado sem fazer nada, entretanto, isso só dava mais sono e eu fui
inventar algo para fazer para não “apagar”. Lavei o rosto com água fria mas foi
ineficaz. Voltei para o quarto e tudo começou a girar, pensei que ia desmaiar,
sentei na cama e as paredes estavam diferentes, cheias de
formas geométricas brilhantes se movimentando. Decidi que já estava
na hora de dormir, antes que ficasse louco de vez. Fechei os olhos e quando
estava adormecendo fui acordado por um balançar brusco ocasionado por
pessoas inconvenientes pulando em cima do meu colchão. Irritado, sai
do quarto, deitei no sofá e novamente escutei aquela buzina chata, do lado do
meu ouvido. Sai e fui para o lado de fora da cabana. Naquele momento eu já via
vultos, sombras por todos os lados, se movimentando,
formas geométricas correndo por tudo que era canto e escutava gente
cochichando. Coloquei um pézinho no sanatório. Perdi completamente a noção do
tempo, tanto que sentei na cadeira e fiquei lá olhando para floresta por seis
horas e pareceu dez minutos. Ao perceber que o Sol estava nascendo fiquei
espantado.
Na manhã do quinto dia, não tomei café, não conseguia mais
comer. Resolvi entrar na cabana para ver o que o pessoal estava fazendo, encontrei
dois dormindo no chão e outros jogados em cima do sofá. No quarto, havia três
dormindo em cima da cama e uma garota no chão. Somente um amigo e uma amiga
permaneciam acordados e estavam tão pirados quanto eu. A menina mesmo estava em
pane cerebral, não adiantava falar com ela, ela não escutava. Quando o onibus
apareceu para nos buscar eu agradeci muito que finalmente aquilo iria acabar.
Ao chegar em casa, na noite do quinto dia, me joguei na cama
e apaguei. Dormir por 18 horas direto. Após acordar percebi que estava tudo
normal novamente, exceto pela dor de cabeça, que ainda estava bem forte. Quando
li sobre o rapaz que ficou 11 dias acordado fiquei imaginando como o sujeito
não pirou. Eu fiquei praticamente 120 horas e estava quase dando a entrada no
hospício, nem imagino o desconforto terrível que é ficar 264 horas acordado sem
estimulantes. Sinceramente, não aconselho ninguém tentar esse feito, é uma
tortura psicológica e física das piores.
Opiniões sobre a Morte por privação do sono
Na discussão
sobre a lenda, certos usuários supondo a veracidade da história, começaram
a teorizar qual seria o motivo da privação de sono causar a morte e porquê as
cobaias da lenda urbana haveriam chegado ao estado que chegaram. Separei
algumas interessantes, veja:
Sensata: Existe funções essenciais do organismo
animal que é desconhecida para Ciência e que tem intima ligação com o estado de
repouso profundo. Ao não dormir, o organismo estaria inibindo o perfeito
funcionamento dessas funções. Após um longo tempo existe um agravo, que geram
danos a saúde. Se o organismo tenha sido obrigado a continuar desperto, sem o
devido repouso, os danos aumentam até o ponto que o cérebro e
os demais órgãos entram em falência.
Mediana: O cérebro é semelhante a uma
máquina e como tal, precisa de tempos de repouso para evitar desgastes devido
ao uso excessivo.
Maluca: O cérebro voltaria para
seu estado primitivo para suprir a demanda funcional, desligando aos poucos as
areas destinadas ao raciocínio e deixando apenas as relacionadas com
as funções essenciais para sobrevivência, de tal modo que após um tempo
muito longo a pessoa perderia a consciência do ser e o ego. Nesse estado, a
pessoa sequer conseguiria saber que necessitava de descanso e iria continuar
acordada até que o cérebro parasse de funcionar de vez.
Mais Maluca: Se o universo for uma simulação
computacional, de forma que o usuário entrasse em no sistema sem
saber da existência da outra realidade, a unica maneira de “injetá-lo” dessa
realidade virtual seria através de um dispositivo, o sono. Prevendo a
possibilidade do usuário sempre ficar desperto, seria programada a
imediata “injeção”. Quando o usuário negar a usar um dispositivo de
desconecção, o ato é levado ao extremo, dando a punição da morte do usuário na
realidade virtual.
Opiniões sobre o porquê das reações no experimento
Sensata: a toxina causou um efeito adverso nas
cobaias e viciante que, em conjunto com os efeitos negativos ocasionados pela
privação do sono, levaram os humanos a um estado animalesco, totalmente
irracional, deixando-os inconscientes da situação em que se encontravam e
movidos por instintos primitivos.
Malucas: Segundo alguns teólogos, quando
Buda enfrentou Maya, na sua busca pela iluminação, na verdade, o que ele fez
foi conseguir acessar o seu subconsciente e derrota-lo, atingindo a nirvana.
Haveria dois meios de acessar o subconsciente: através da meditação e através
da privação do sono. A diferença entre atingir com uma prática ou outra, é que
pela privação do sono você não está preparado para encarar o que irá encontrar
por lá. É como se você entrasse no lado oculto da sua mente, literalmente,
assim como aparece nos filmes. Você não pode encarar e derrotar Maya sem estar
preparado porque Maya é justamente aquilo que você mais teme e também o que
mais deseja. Resumindo: se deparar com o seu subconsciente é o seu pior
pesadelo! Quando acontece esse encontro forçado do seu eu com o seu
subconsciente, o resultado é que você perde sua sanidade, pois sua consciência
fica presa no subconsciente e no lugar, toma conta o seu lado primitivo, por
isso do comportamento animalesco. Na história de Buda, Maya tenta ele de
diversas maneiras, porém Buda estava preparado e rejeita as propostas. Então
Maya tenta amendrontá-lo, mas Buda não teme mais nada. Assim Maya é derrotado e
Buda atinge o Nirvana. Se Buda estivesse falhado, poderia estar preso dentro da
própria mente ( a realidade é que, adotando esse pensamento, qualquer um de nós
poderíamos estar presos dentro de realidades que são reflexos dos nossos
desejos e medos, criadas por Maya, seu subconsciente, para prender a sua consciência
da verdade). Por isso que quando questionado sobre quem eram, a cobaia
responde: “Nós somos você. Nós somos a loucura que vaga em todos vocês,
implorando para sermos soltos toda vez dentro de sua mente animal. Nós somos
aquilo de que vocês se escondem em suas camas toda noite. Nós somos aquilo que
vocês sedaram no silêncio e paralisam quando vocês atingem o paraíso noturno do
qual não podem sair.” As cobaias seriam o lado primitivo do homem
desperto quando a consciência ficou presa no subconsciente (idéia que é
bastante explorada no filme Inception)
Mais Maluca: Nosso universo é uma caixinha
de surpresas, quando nós pensamos que entendemos ele, aparece alguém mostrando
algo nosso e extraordinário ao seu respeito. Uma dessas descoberta foi o fato
de provavelmente existir mais de três dimensões espaciais. Essas dimensões
extras conectariam diversos pontos do universo e até mesmo, esse
universo com um outro universo. Alguns acreditam que os seres humanos podem ver
essas dimensões nos primeiros dias de vida e que são excluídas
pelo cérebro com o tempo, assim como, a dor ou um trauma, devido ao
excesso de informação que ele deveria assimilar
caso visualizássemos elas sempre. Dessa maneira, ficamos “cegos” em
relação à totalidade das dimensões. De alguma forma, quando acontece a privação
do sono, essa parte primitiva do cérebro desperta e começamos a
visualizar novamente. Por isso o rapaz que ficou acordado 11 dias via um
caminho que levava a um bosque dentro do seu dormitório.
Na história, as cobaias apresentam um estado
de demência avançado que poderia ser conseqüência do choque
em começar a ver o que não era para ser visto. Estariam eles conectados a algum
região do espaço ou visualizando outro universo? Ao alcançar a visão do todo, ganhariam
uma consciência holística, capaz de ver todo o universo de dentro da sua mísera
sala.
“Você se esqueceu?” ( referencia ao fato
de perder a consciência do todo) O paciente perguntou “Nós
somos você. Nós somos a loucura que vaga em todos vocês, implorando
para sermos soltos toda vez dentro de sua mente animal. ( o todo e o
dom) Nós somos aquilo de que vocês se escondem em suas camas toda
noite. (o medo) Nós somos aquilo que vocês sedaram no silêncio
e paralisam quando vocês atingem o paraíso noturno do qual não podem sair.” (
a consciência do todo)
Ou seja, seríamos nós, culpados por sermos limitados a visão
restrita do universo que nos rodeia. Teríamos medo de conhecer a verdade do
universo desde que nascemos, por isso, dormiríamos. O ato de dormir é que
inibiria a visão do todo.
Extremamente insana: Você já imaginou que tudo
que existe por ser resultado da imaginação de algum ser por aí? Que, no final
das contas, somos todos um. Esse raciocínio parte de algumas
religiões não – cristãs que acreditam que há um Deus em cada ser vivo. A união
de todos seria o Deus. Estudiosos dessas vertentes dizem que essa seria uma
referencia a Energia. De fato, tudo no universo se resume em energia e tudo
interage e se conecta. O que faria com que nós continuássemos presos seriam
os ciclos, o ciclo noturno por exemplo. Quando as cobaias quebraram um ciclo,
morreram ou progrediram, depende do ponto de vista.
E você, o que acha do assunto e dessa história
toda?
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