Sexta-feira, 3 de Dezembro de 2010
Roodovalho e pregado: uma questão de esquizofrenia?
Preocupo-me com o rodovalho porque ocupa o primeiro lugar das minhas preferências no domínio do peixe, claramente à frente do robalo e do cherne.
Guardo ainda numa gaveta muito especial da minha memória uns filetes de esturjão que comi em Istambul, na companhia de Ludgero Marques, mas uma única experiência, apesar de memorável, é insuficiente para classificar no meu top ten piscícola o produtor das mais famosas e caras ovas do mundo.
Vem isto a propósito de ter aproveitado o meu jantar de ontem, no Vin Rouge (restaurante do Hotel Albatroz, na Baía de Cascais), com José Bento dos Santos, para esclarecer a relação de parentesco entre o rodovalho e o pregado.
Broker de metais, produtor de excelentes vinhos (Monte d’Oiro), e presidente da Academia Portuguesa de Gastronomia, Bento dos Santos rapidamente me esclareceu que rodovalho e pregado são um único e mesmo peixe, com duas designações regionais diversas – sendo que no Norte adoptamos o nome espanhol de rodovalho, enquanto que a sul do Mondego escolhem relevar a espécie de pregos que ornamentam a capa deste peixe fantástico, apesar de redondo e chato.
Adormeci satisfeito com esta explicação até que o despertador tocou hoje às 6h30, chamando-me para a tarefa de escrever a peça relativa ao almoço com o João Miranda, da Frulact (rubrica Dois Cafés e a Conta de amanhã, no DN, republicada como sempre no Bússola), a que se seguiu um café com o Eduardo Cintra Torres, em Caxias, para ultimar as modalidades da sua colaboração para o Briefing, e uma excitante conversa com a Marta Guimarães (directora de novos negócios da premiada Leo Burnett) na 7 da rua das Flores.
O almoço também foi no Chiado, a cota mais alta, no Aqui há Peixe, do Miguel Reino (irmão do célebre Gigi) , no 18A da Nova da Trindade, com Vicent Termote, director geral da Nespresso ibérica, destinado aos Dois Cafés e a Conta de 18 Dezembro).
O Miguel sugeriu-nos um rodovalho, que tinha tanto de belo como de saboroso, e suscitou uma questão oleada pelo Dona Maria branco (quase tão atraente como a Marta da Leo Burnett!), do tipo prova do nosve:
- Ó Miguel, diga-me uma coisa, o rodovalho e o pregado são o mesmo peixe?
No que eu me fui meter! O Miguel prontamente respondeu que não, não são o mesmo peixe, mas sim primos, contrariando, sem dó nem piedade, a doutrina de Bento dos Santos e abrindo um cisma. Há por aí alguém qualificado para resolver este mistério, que se desenrola a alto nível? Rodovalho e pregado são ou não o mesmo peixe? Haverá aqui uma questão de esquizofrenia?
música: Oui, non , Louise Attaque
De grouchomarx a 4 de Dezembro de 2010 às 00:08
Rodovalho e Pregado julgo serem os nomes comuns de 2 espécies, respectivamente Scophthalmus rhombus e Pesetta maxima, de 2 géneros diferentes da mesma familia Scophthalmidae.
grouchomarx
grouchomarx
De Jorge Fiel a 7 de Dezembro de 2010 às 16:53
Preclaro Groucho
Presumo então que são primos. Presumo ser esse o parentesco mais correcto a estabelecer entre eles. Correcto?
Sempre a considerá-lo (e a bem da Nação!)
Presumo então que são primos. Presumo ser esse o parentesco mais correcto a estabelecer entre eles. Correcto?
Sempre a considerá-lo (e a bem da Nação!)
De grouchomarx a 7 de Dezembro de 2010 às 21:06
retrospectivamente lendo o que escrevi acima nao so' me pare¢e estar muito bem escrito como da' a entender que per¢ebo imenso do assunto.
mas de facto nao fa¢o a minima ideia se e' de uma maneira, se e' de outra, confesso...
grouchomarx
De Jorge Fiel a 8 de Dezembro de 2010 às 19:06
Preclaro Groucho
Está escrito lindamente, em português escorreito, e tresandando a que o meu preclaro amigo é uma sumidade na matéria. Uma cabeça!
No entretanto, a minha amiga (e não menos preclara!) Docas telefonou a dizer-me que um amigo dela, que também é catedrático na matéria, jura que pregado e rodovalho são duas diferentes denominações para um único e mesmo peixe.
Já começo a ficar baralhado.
Sempre a considerá-lo (e a bem da Nação!)
Está escrito lindamente, em português escorreito, e tresandando a que o meu preclaro amigo é uma sumidade na matéria. Uma cabeça!
No entretanto, a minha amiga (e não menos preclara!) Docas telefonou a dizer-me que um amigo dela, que também é catedrático na matéria, jura que pregado e rodovalho são duas diferentes denominações para um único e mesmo peixe.
Já começo a ficar baralhado.
Sempre a considerá-lo (e a bem da Nação!)
De Sun Iou Miou a 4 de Dezembro de 2010 às 10:12
Eu não sei se pregado e rodovalho são o mesmo peixe, porque nunca vi um pregado, mas estive a pesquisar na origem da palavra rodovalho e não está assim claro que seja espanhola. Diz(ia) Corominas que antes parece vocábulo galaico-português ou mesmo anterior, ibérico (como o porco?). Enfim, quem se interessa com isto, fora eu?
A questão é que o rodovalho é peixe da minha absoluta preferência também, sempre que, como se diz agora, "selvagem" (e eu, quando o ouço qualificar assim, imagino o peixe feroz, que salta do prato, redivivo, e tenta arrancar-me o nariz, no mínimo, mas então reajo, espetando-lhe o garfo -não delicado do peixe mas o de carne- e pronto). Porque há muito rodovalho de piscicultura agora, que não tem na carne a mesma consistência... nem a intensidade do sabor, claro.
Nas poucas oportunidades em que como fora de casa, se vejo rodovalho na ementa, posso passar da felicidade completa (Para mim, rodovalho, sff) à tristeza imperfeita (O rodovalho acabou, desculpe / Não é para si, não é selvagem).
Quando/se encontrar um pregado, experimentarei.
A questão é que o rodovalho é peixe da minha absoluta preferência também, sempre que, como se diz agora, "selvagem" (e eu, quando o ouço qualificar assim, imagino o peixe feroz, que salta do prato, redivivo, e tenta arrancar-me o nariz, no mínimo, mas então reajo, espetando-lhe o garfo -não delicado do peixe mas o de carne- e pronto). Porque há muito rodovalho de piscicultura agora, que não tem na carne a mesma consistência... nem a intensidade do sabor, claro.
Nas poucas oportunidades em que como fora de casa, se vejo rodovalho na ementa, posso passar da felicidade completa (Para mim, rodovalho, sff) à tristeza imperfeita (O rodovalho acabou, desculpe / Não é para si, não é selvagem).
Quando/se encontrar um pregado, experimentarei.
De Jorge Fiel a 7 de Dezembro de 2010 às 16:55
Preclara Miou Miou
Ambos navegamos nas ondas da paixão pelo rodovalho. Ainda bem que assim é.
Sempre a considerá-la (e a bem da Nação!)
Ambos navegamos nas ondas da paixão pelo rodovalho. Ainda bem que assim é.
Sempre a considerá-la (e a bem da Nação!)
De Barba azul a 6 de Dezembro de 2010 às 11:20
Caro Jorge Fiel
Também tenho a informação se se tratar da mesma espécie, com dois nomes diferentes.
Para começar, sugiro a aquisição de exemplares de pregado e rodovalho e comparação morfológica preliminar. Se exteriormente e ao nível dos órgãos internos não se encontrarem diferenças vísiveis, acho que difícilmente serão espécies diferentes, muito menos pertencerem a géneros diferentes.
Se subsistirem dúvidas, podemos falar ao Centro de Biologia Marinha do Instituto Abel Salazar (acho que é assim que se chama), ou ao Nuno Rogeiro.
Também tenho a informação se se tratar da mesma espécie, com dois nomes diferentes.
Para começar, sugiro a aquisição de exemplares de pregado e rodovalho e comparação morfológica preliminar. Se exteriormente e ao nível dos órgãos internos não se encontrarem diferenças vísiveis, acho que difícilmente serão espécies diferentes, muito menos pertencerem a géneros diferentes.
Se subsistirem dúvidas, podemos falar ao Centro de Biologia Marinha do Instituto Abel Salazar (acho que é assim que se chama), ou ao Nuno Rogeiro.
De Jorge Fiel a 7 de Dezembro de 2010 às 16:58
Preclaro Barba Azul
Vou tentar arranjar o contacto do Nuno Rogeiro - ou pelo menos do Pacheco Peeira ou do Miguel Sousa Tavares - para esclarecermos esta questão.
No entretanto deixe pf dizer-lhe que, nesta altura do campeonato, já estou convencido que são peixes se bem que aparentados. O pregado tem umas marcas que dão a ideia de pregos que lhe terão originado o nome.
Sempre a considerá-lo (e a bem da Nação!)
Vou tentar arranjar o contacto do Nuno Rogeiro - ou pelo menos do Pacheco Peeira ou do Miguel Sousa Tavares - para esclarecermos esta questão.
No entretanto deixe pf dizer-lhe que, nesta altura do campeonato, já estou convencido que são peixes se bem que aparentados. O pregado tem umas marcas que dão a ideia de pregos que lhe terão originado o nome.
Sempre a considerá-lo (e a bem da Nação!)
De Romeu Martins a 24 de Novembro de 2011 às 02:51
Não são o mesmo peixe! Rodovalho é uma coisa e pregado é outra!
O presidente da Academia Portuguesa de Gastronomia é um ignorante! É a isto que estamos entregues, infelizmente!
Pertencem ambos á família Scophthalmidae, grupo dos peixes ósseos!
Diferem no Género e na espécie!
Pregado: Género; Psetta. Espécie; Psetta maxima
Pode atingir 100 cm e vive em águas costeiras até 80 metros de profundidade! Este peixe é mais usual ser apanhado na praia do que o rodovalho!
Rodovalho: Género; Scophthalmus. Espécie; Scophthalmus rhombus.
Pode atingir 200cm e vive até 80 metros de profundidade!
O pregado é mais claro e cor de areia, mais arredondado e mais saboroso, pois o pregado aqui entre Aveiro e Figueira é o que denominamos um peixe de milha, ou seja, vive da rebentação na zona costeira. Todo o peixe de praia é mais saboroso, a água é mais oxigenada e revoltosa, o peixe tem a carne mais firme!
Aprendam que eu não duro sempre!
Sou chefe de cozinha! Tenho os cursos da escola de hotelaria! Há 20 anos que pesco nos bancos de pedra, Galega ou Berlengas e na praia...No entanto tenho um curso muito melhor, o da vida, o que aprendi ao lidar e cozinhar com as velhotas da praia, com os pescadores, com todo o seu saber acumulado desde os descobrimentos! A maior parte das pessoas não percebe um chavo de peixe, só perguntam a enfarpelados bem falantes que nada sabem! Aos humildes pescadores, a esses não se lhe dá importância! Quando se fala de cozinha ou peixe não são os chefs que sabem e contra mim falo, estive anos a fio como Chef em na Princess, 5 estrelas,com uma respeitável posição a bordo e não aprendi nada a não ser alto volume! Querem comer bem eu ensino-vos...simples e barato, o peixe caro raramente é o melhor! Querem comer bem, aprendam com a vossa avó, o que ela aprendeu demorou 500 anos a consolidar! Ninguém descobriu antes de nós a globalização, o que os chefs estrangeiros sabem já esqueceu à minha avó!Se quiserem eu venho aqui e vos ensino! Um Abraço a todos!
O presidente da Academia Portuguesa de Gastronomia é um ignorante! É a isto que estamos entregues, infelizmente!
Pertencem ambos á família Scophthalmidae, grupo dos peixes ósseos!
Diferem no Género e na espécie!
Pregado: Género; Psetta. Espécie; Psetta maxima
Pode atingir 100 cm e vive em águas costeiras até 80 metros de profundidade! Este peixe é mais usual ser apanhado na praia do que o rodovalho!
Rodovalho: Género; Scophthalmus. Espécie; Scophthalmus rhombus.
Pode atingir 200cm e vive até 80 metros de profundidade!
O pregado é mais claro e cor de areia, mais arredondado e mais saboroso, pois o pregado aqui entre Aveiro e Figueira é o que denominamos um peixe de milha, ou seja, vive da rebentação na zona costeira. Todo o peixe de praia é mais saboroso, a água é mais oxigenada e revoltosa, o peixe tem a carne mais firme!
Aprendam que eu não duro sempre!
Sou chefe de cozinha! Tenho os cursos da escola de hotelaria! Há 20 anos que pesco nos bancos de pedra, Galega ou Berlengas e na praia...No entanto tenho um curso muito melhor, o da vida, o que aprendi ao lidar e cozinhar com as velhotas da praia, com os pescadores, com todo o seu saber acumulado desde os descobrimentos! A maior parte das pessoas não percebe um chavo de peixe, só perguntam a enfarpelados bem falantes que nada sabem! Aos humildes pescadores, a esses não se lhe dá importância! Quando se fala de cozinha ou peixe não são os chefs que sabem e contra mim falo, estive anos a fio como Chef em na Princess, 5 estrelas,com uma respeitável posição a bordo e não aprendi nada a não ser alto volume! Querem comer bem eu ensino-vos...simples e barato, o peixe caro raramente é o melhor! Querem comer bem, aprendam com a vossa avó, o que ela aprendeu demorou 500 anos a consolidar! Ninguém descobriu antes de nós a globalização, o que os chefs estrangeiros sabem já esqueceu à minha avó!Se quiserem eu venho aqui e vos ensino! Um Abraço a todos!
De Romeu Martins a 24 de Novembro de 2011 às 02:58
Outro pormenor que me esqueci de referir! O peixe não tem sempre a mesma cor! Se quiserem eu explico porquê? Agora já estou cansado e é tarde! Saúde!
De Duarte a 6 de Novembro de 2012 às 23:01
O peixe que aparece na imagem é um pregado!
Aqui em Cascais é assim que se chama. Poderá haver zonas do país onde tenha outro nome, mas o que ali está é um pregado.
Abraços.
Aqui em Cascais é assim que se chama. Poderá haver zonas do país onde tenha outro nome, mas o que ali está é um pregado.
Abraços.
Eu ao espelho
Nasci em Maio de 1956 na Maternidade Júlio Dinis. Fiz a primária no Campo 24 de Agosto e o essencial do liceu (concluído entre o Nobre e Gaia) no Alexandre Herculano. Entre os 15 e os 21 anos fui militante da LCI. Li quase tudo que o Marx, o Lenine, o Trotsky e a Rosa Luxemburgo escreveram.
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