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sexta-feira, 22 de junho de 2018

Entre o Público e a PRIVADA......

Entre a Privada e o PÚBLICO
Quando a coisa se torna qualquer outra COISA
Do que a coisa.....
Quando se perde esse VALOR, a coisa se torna
Um conceito não entendido, porque cada um define seus
Próprios TERMOS.....
Deixamos de viver um conceito em que as palavras tem
Um sentido preciso.
Com isso conceitos de liberdade, educação e político,
Tornam-se opiniões PRÓPRIAS.

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Nesse processo em que todas as coisas podem tornar-se qualquer
outra coisa, ideias antes bem definidas – como “público” e “privado” – perdem
seu sentido original e dissolvem-se, transformando-se em instâncias que
praticamente não se diferenciam. Imersa no debate sobre o desaparecimento
da esfera pública e da esfera privada.

“todas as
atividades humanas são condicionadas pelo fato de que os homens vivem
juntos; mas a ação é a única que não pode sequer ser imaginada fora da
sociedade dos homens”.
A  ação que diz respeito à atividade
que se exerce entre os homens, sem a mediação das coisas ou da matéria,
“corresponde à condição humana da pluralidade, ao fato de que homens, e
não o Homem, vivem na Terra e habitam o mundo”.
Tendo como suposto que só a ação é exclusiva do homem, uma
vez que depende da presença de outros homens.
Conceito de Aristóteles nos fala  de:  zoon politikon, como animal social.
A perda da ideia de animal político e a aceitação da noção de animal
social revelam o esquecimento da concepção original grega de política.
O conceito de homem como animal político está relacionado à vida em
comum e, portanto, à ação.
 A  capacidade de organização
política – que se opõe à mera associação natural entre humanos – teve sua
expressão máxima na constituição da cidade-estado, em que cada cidadão,
além de sua vida privada, pertencia à vida política em que fazia uso da ação
e do discurso:
Quando, por exemplo, lemos em Aristóteles que a philia, a amizade entre
os cidadãos, é um dos requisitos fundamentais para o bem-estar da Cidade,
tendemos a achar que ele se referia apenas à ausência de facções e guerra
civil. Mas, para os gregos, a essência da amizade consistia no discurso. Sustentavam
que apenas o intercâmbio constante de conversas unia os cidadãos
numa polis. No discurso, tornavam-se manifestas a importância política da
amizade e a qualidade humana própria a ela.

O discurso referia-se ao mundo comum, em contraste com a conversa
íntima em que os indivíduos falavam sobre si mesmos. Todo o pensamento
político grego se baseava na divisão decisiva entre as esferas pública e
privada, isso é, entre a esfera da polis e a esfera da família, entre as atividades
relativas ao mundo comum e aquelas restritas à manutenção da vida.

“historicamente, é muito provável que o surgimento da
cidade-estado e da esfera pública tenha ocorrido às custas da esfera privada
da família e do lar”. Na esfera familiar, os homens viviam juntos por causa de
suas necessidades; na esfera da polis, ao contrário, estava a liberdade: “se havia
uma relação entre essas duas esferas era que a vitória sobre as necessidades
da vida em família constituía a condição natural para a liberdade na polis”

Como a liberdade situa-se na esfera política, caracterizava-se a
polis por somente conhecer “iguais”, enquanto na família encontrava-se a
desigualdade.
Assim, dentro da esfera da família, a liberdade não existia, pois o chefe da
família, seu dominante, só era considerado livre na medida em que tinha
a faculdade de deixar o lar e ingressar na esfera política, onde todos eram
iguais. É verdade que esta igualdade na esfera política muito pouco tem em
comum com o nosso conceito de igualdade; significava viver entre pares e
lidar somente com eles, e pressupunha a existência de desiguais; e estes,
de fato, eram sempre a maioria da população na cidade-estado.
A vitória sobre as necessidades da vida em família é que
permitiu o aparecimento da polis, pois a política não visa à manutenção da
vida. Dessa forma, “no que tange aos membros da polis, a vida no lar existe em
função da boa vida na polis”

A excelência em si – areté
para os gregos – era reservada à esfera pública, pois (não apenas a presença
de outros) o partilhar da vida comum é necessário para atingi-la.

O termo “público” remete a dois fenômenos. Em primeiro
lugar, significa que tudo o que vem a público pode ser visto e ouvido por todos
e tem a maior divulgação possível. Nesse sentido, quando um pensamento ou
um sentimento é divulgado, o privado torna-se de acesso público. Contudo,
esse fenômeno é garantido pela condição de que os outros têm de partilhar
a realidade do mundo e de nós mesmos:
Toda vez que falamos de coisas que só podem ser experimentadas na privatividade
ou na intimidade, trazemo-las para uma esfera na qual assumirão
uma espécie de realidade que, a despeito de sua intensidade, elas jamais
poderiam ter tido antes. A presença de outros que veem o que vemos e
ouvem o que ouvimos garante-nos a realidade do mundo e de nós mesmos.

Tudo o que é considerado irrelevante para a esfera pública torna-se assunto
privado, como no caso da dor física e do amor.
Uma vez que a nossa percepção da realidade depende totalmente da
aparência, e portanto da existência de uma esfera pública na qual as coisas
possam emergir da treva da existência resguardada, até mesmo a meia-luz
que ilumina a nossa vida privada e íntima deriva, em última análise, da luz
muito mais intensa da esfera pública.


Em segundo lugar, o termo “público” significa o próprio mundo,
posto que é comum a todos e, ao mesmo tempo, é diferente do lugar que
cada indivíduo ocupa dentro dele. O mundo refere-se ao produto das mãos
humanas, sendo, ao mesmo tempo, aquilo que separa e estabelece relação
entre os homens: “A esfera pública, enquanto mundo comum, reúne-nos
na companhia uns dos outros e, contudo, evita que colidamos uns com os
outros”.

A esfera pública é reservada à individualidade, pois é o lugar em que
os homens podem mostrar quem realmente são. Assim, em benefício dessa
possibilidade, “e por amor a um corpo político que a propiciava a todos, cada
um deles estava mais ou menos disposto a compartilhar do ônus da jurisdição,
da defesa e da administração dos negócios públicos”.

“ A dissolução desse espaço público significa a perda de um “mundo comum”
que articula os homens numa trama visível feita por fatos e eventos tangíveis
no seu acontecimento e que se materializa na comunicação intersubjetiva,
através da qual as opiniões se formam e os julgamentos se constituem. Nesse
caso, a dissolução do espaço público significa mais do que a perda de um espaço
comum entre os homens. Pois essa perda significa também a dissolução
do “senso comum”, comprometendo esta capacidade de discernimento que
a compreensão e o julgamento exigem, enquanto “maneira especificamente
humana” de se fazer a experiência da realidade.


O  problema da sociedade de massas é que o mundo
perdeu a força de manter as pessoas juntas, de relacioná-las umas às outras
e de separá-las. Na forma cristã de conceber a comunidade, a
 a existência de uma esfera pública – e a subsequente
transformação do mundo em uma comunidade de coisas que reúne os
homens e estabelece uma relação entre eles – depende da permanência:
Se o mundo deve conter um espaço público, não pode ser construído apenas
para uma geração e planejado somente para os que estão vivos: deve
transcender a duração da vida de homens mortais.
Sem essa transcendência para uma potencial imortalidade terrena, nenhuma
política, no sentido restrito do termo, nenhum mundo comum e nenhuma
esfera pública são possíveis.

O mundo comum é aquilo que encontramos ao nascer e aquilo
que deixamos para trás quando morremos. O público tem o sentido daquilo
que transcende nossa vida e refere-se tanto ao passado como ao futuro: “É o
caráter público da esfera pública que é capaz de absorver e dar brilho através
dos séculos a tudo o que os homens venham a preservar da ruína natural
do tempo”.

A dissolução da esfera pública significa a
impossibilidade de uma tradição ser recriada ou estabelecida. A realidade do
mundo comum não se garante pela natureza comum de todos os homens
que o constituem, mas pelo fato de que todos eles estão interessados no
mesmo objeto, a despeito das diferenças de posição e de perspectivas.

A “esperar de pessoas que não têm a
menor noção acerca do que é a res publica, a coisa pública, que se comportem
de maneira não violenta e discutam racionalmente em questões de interesse
não é realista nem razoável”. Isso porque, quando o mundo comum é visto
somente por um aspecto e por uma perspectiva, então ele acaba, pois os
homens tornam-se privados de ver e ouvir os outros e privados de ser vistos
e ouvidos por eles.

Esse processo ocorre nos casos de isolamento
radical, como nas tiranias, mas também nas condições da sociedade de massas
em que os indivíduos se comportam como se fossem membros de uma única
família. Nesses casos, os homens “são todos prisioneiros da subjetividade
de sua própria existência singular, que continua a ser singular ainda que a
mesma experiência seja multiplicada inúmeras vezes”.
Quando os homens são privados do espaço público – “que é constituído
pela ação conjunta e a seguir se preenche, de acordo consigo mesmo, com
os acontecimentos e estórias que se desenvolvem em história – recolhem-se
para sua liberdade de pensamento”.

Acontece, portanto,
uma fuga do mundo para o ocultamento da vida pública, para o anonimato.
O privado solapa o público, de forma que o que antes era visto como
comum passa a ser entendido como desprovido de interesses para o outro. Por
isso “não há dúvida de que é possível criar condições sob as quais os homens
são desumanizados”.

A sociedade de massas destrói a
esfera pública, ao mesmo tempo em que destrói a esfera privada, uma vez
que impede a pluralidade de opiniões no espaço público comum e retira da
casa e da família a possibilidade de constituição de refúgios diante do mundo.

O termo “privado”, em sua acepção original, tem o sentido mesmo
de privação.
Ser privado da realidade significa ser
destituído de coisas essenciais à vida, isso é, ser despojado da possibilidade
de ser visto e ouvido por outros. Ou seja, “privado de uma relação objetiva
com eles decorrente do fato de ligar-se e separar-se deles mediante um
mundo comum de coisas, e privado da possibilidade de realizar algo mais
permanente que a própria vida”. Na ausência de outros, o homem privado
não se dá a conhecer e, portanto, não existe.
A privação de relações objetivas com os outros tem levado ao
fenômeno de massa da solidão:
O motivo pelo qual esse fenômeno é tão extremo é que a sociedade de
massas não apenas destrói a esfera pública e a esfera privada: priva ainda
os homens não só do seu lugar no mundo, mas também do seu lar privado,
no qual antes eles se sentiam resguardados contra o mundo e onde,
de qualquer forma, até mesmo os que eram excluídos do mundo podiam
encontrar-lhe o substituto no calor do lar e na limitada realidade da vida em
família.
Assim como a esfera pública desaparece na modernidade, a esfera
privada,  é também ameaçada. Por essa razão, toda a
discussão sobre o privado transforma-se em discussão sobre a propriedade
privada.

 A propriedade, por sua vez, é relacionada à pobreza ou à riqueza e
essa interpretação é equivocada,
 uma vez que “a riqueza e a propriedade,
longe de constituírem a mesma coisa, têm caráter inteiramente diverso”.


Tanto a propriedade como a riqueza são
historicamente de maior relevância para a esfera pública, pois essas eram
a condição de admissão do indivíduo à esfera pública e à plena cidadania.
Nos tempos antigos, o indivíduo que perdia o seu lugar, a sua
propriedade, perdia automaticamente a cidadania e a proteção da lei. A
privatividade possuía um caráter sagrado; o lar era a esfera do nascimento
e da morte, “que devia ser escondida da esfera pública por abrigar coisas
ocultas aos olhos humanos e impenetráveis ao conhecimento humano”.

No interior dessa esfera que
permanece oculta e sem o significado público, mas a sua aparência externa
é importante para a cidade, posto vez que impõe os limites entre uma casa
e outra.

Não é realmente exato dizer que a propriedade privada, antes da era moderna,
era vista como condição axiomática para admissão à esfera pública; ela
era muito mais que isso. A privatividade era como que o outro lado escuro e
oculto da esfera pública; ser político significava atingir a mais alta possibilidade
da existência humana; mas não possuir um lugar próprio e privado (como
no caso do escravo) significava deixar de ser humano.

Como a vida pública somente era possível após o atendimento
das necessidades urgentes da própria existência, a posse de propriedades
significava o domínio das necessidades vitais e, portanto, a liberdade para
transcender a própria existência e ingressar no mundo comum a todos:
Somente com o surgimento tangível e concreto desse mundo comum, isto
é, com a ascendência da cidade-estado, pôde este tipo de propriedade privada
adquirir sua eminente importância política [...]. Caso o dono de uma
propriedade preferisse ampliá-la ao invés de utilizá-la para viver uma vida
política, era como se ele espontaneamente sacrificasse a sua liberdade e
voluntariamente se tornasse aquilo que o escravo era contra a vontade, ou
seja, um servo da necessidade.

Tanto a acumulação individual de riqueza como a socialização do
processo de acumulação,  tendem a desconsiderar
o sentido primeiro da propriedade. A privatividade como um todo pode
ameaçar a evolução da produtividade social e, por isso, a posse privada
deve ser rejeitada em benefício do crescente processo de acumulação de
riqueza social. Nesse sentido, assim como a esfera pública é destituída de
sentido nessa sociedade, a esfera privada é igualmente levada a ter novos
contornos: “O fato histórico decisivo é que a privatividade moderna, em sua
função mais relevante – proteger aquilo que é íntimo –, foi descoberta não
como o oposto da esfera política, mas da esfera social”
Assim, o privado passa a ter laços ainda mais estreitos e mais autênticos com
o social, e não com o público.

A distinção entre uma esfera de vida privada e uma esfera de vida
Pública.
Corresponde à existência das esferas da família e da política como entidades
diferentes e separadas, pelo menos desde o surgimento da antiga cidade estado;
mas a ascendência da esfera social, que não era nem privada nem
pública no sentido restrito do termo, é um fenômeno relativamente novo,
cuja origem coincidiu com o surgimento da era moderna e que encontrou
sua forma política no estado nacional.

A ascensão do social coincidiu historicamente com a transformação
da preocupação individual com a propriedade privada em preocupação
pública. A promoção da sociedade acontece ao mesmo tempo em que ocorre
o declínio da família, que de certa forma é absorvida por grupos sociais
correspondentes. O surgimento da sociedade de massas indica
que os vários grupos sociais foram absorvidos por uma sociedade única,
tal como as unidades familiares haviam antes sido absorvidas por grupos
sociais; com o surgimento da sociedade de massas a esfera do social atingiu
finalmente, após séculos de desenvolvimento, o ponto em que abrange e
controla, igualmente e com igual força, todos os membros de determinada
comunidade.

A vitória da igualdade no mundo moderno, é o reconhecimento político e jurídico do fato de que a sociedade
conquistou a esfera pública e que “a distinção e a diferença reduziram-se a
questões privadas do indivíduo”. Quanto maior é a população de qualquer
corpo político, maior é a probabilidade de que o social (e não o político)
constitua a esfera pública.

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