Estamos em transição ?
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Madrid | 09/07/2014
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Por estes dias participei, com vários ativistas cubanos, de um seminário sobre a transição espanhola realizado em Madri. Organizado pela Asociación de Iberoamericanos por la Libertad e a Fundación Transición española nos salões da Casa de América, o evento conseguiu a participação de nove ativistas de variados setores de dentro da Ilha, como jurisprudência, civismo, direitos humanos e jornalismo. Uma possibilidade de nos encontrarmos com nós mesmos sem os cercos policiais, nem os atos de repúdio.
Enquanto escutava os vários conferencistas lembrei-me de ter visto o seriado La transición, em 2011, na voz de Victoria Prego. Casualmente na manhã em que comecei a assistir aqueles excelentes panoramas documentais e as análises que os acompanhavam, fui visitada por uma amiga madrilena. Olhou para a tela da televisão e me disse: “Eu vivenciei muitos destes acontecimentos, porém naquele momento não sabia que estávamos em transição”. Sua frase me tem acompanhado como consolo e ilusão todos estes anos. Hoje a recordei na Casa de América.
Nós, cubanos, estamos vivendo uma transição? Só o pronunciamento desta pergunta já serve para incomodar uns e iludir outros. Uma transição – me dirão os entendidos e os analistas – precisa de mais evidências políticas, sociais e econômicas. Uma palavra de tal envergadura precisa de atos reais, não só desejos… Advertiram-me outros também com muitos bons argumentos. E se aconteceu uma mudança irreversível e definitiva no interior dos cubanos? Isto poderia ser visto como transição? O pequeno olhar ganharia da macro-análise neste caso.
A cada dia me encontro com mais pessoas que já não colaboram, que já não crêem e que já não apóiam o sistema. Tropeço, além disso, com gente que não está disposta mais a assistir a televisão oficial, participar de atos oficiais ou aceitar as prebendas oficiais. Como se chama isso? Que me perdoem os teóricos da transição, mas se isso não é uma mudança. O que é? Pré-transição por acaso?
Tradução por Humberto Sisley
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