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Foi uma batalha tática digna da melhor Copa dos últimos anos. Alemanha e Argentina apresentaram variações, adotaram estratégias inteligentes, por vezes se anularam em campo e não conseguiram criar, mas sempre tentaram colocar o adversário em dificuldade. No fim, prevaleceu a insistência alemã pelos lados, estratégia que adotou durante todos os 120 minutos da partida.
Com a lesão de Khedira no aquecimento, Joachim Löw viu-se obrigado a mudar a Alemanha, mas sem mexer no sistema tático. Kramer entrou na mesma função do desfalque, compondo a segunda linha de quatro do 4-1-4-1. A Argentina manteve seu 4-4-2, com duas linhas de quatro.
Desde o início, ficaram evidentes as estratégias dos dois times. A Alemanha controlou a posse de bola, e tinha ajuda do plano de jogo rival para chegar perto da área de Romero. Os atacantes da Argentina não davam combate a Schweinsteiger e Kroos, comandantes da transição alemã, o que lhes dava liberdade para carregar a bola com tranquilidade até o campo de ataque.
Era a partir dali que a marcação argentina se intensificava. Lavezzi e Pérez, os dois homens de flanco da linha de meio-campo, vinham para dentro para bloquear as tramas na região central. Não foi à toa, portanto, que os melhores momentos alemães resultaram da subida de Lahm pela direita. Com um Pérez de posicionamento “afunilado”, ele tinha liberdade para receber a bola e iniciar tabelas com Müller e Özil, especialmente quando a lesão de Kramer fez Löw mudar para um 4-2-3-1, com Schürrle do lado esquerdo e o meia do Arsenal por dentro na linha de três articuladores.
Ainda que Lahm fosse pouco vigiado, a Alemanha não conseguia passar pela consistente linha defensiva argentina, e o desarme saía com frequência. Quando os alemães perdiam a bola, vinham os rápidos contra-ataques argentinos.
Lavezzi, aberto pela direita, ganhou companhia de Messi nos primeiros minutos para puxar o contra-golpe. Aos poucos, porém, ficou claro que o camisa 22 não precisava da parceria da estrela do time para passar pelo lento Höwedes. Messi passou a circular pelo meio, dando opção de passe para finalizar as arrancadas de Lavezzi. Embora o controle da posse de bola estivesse do outro lado, as melhores chances eram, claramente, dos argentinos. O cenário só mudou quando os comandados de Sabella adiantaram um pouco o posicionamento e deram algum espaço para a Alemanha insistir pela direita, criando algumas chances nos minutos finais do primeiro tempo.
Mesmo com os bons primeiros 45 minutos, Sabella decidiu mudar a Argentina para a etapa final: sacou Lavezzi para a entrada de Agüero, e mudou para o um 4-3-1-2. Mascherano, Pérez e Biglia eram os volantes, com Messi na ligação aos atacantes Agüero e Higuaín. Quando o time perdia a bola, era Agüero quem retornava para fechar o meio-campo, deixando Messi com liberdade.
Nos primeiros minutos, a Argentina adiantou seu posicionamento e aproveitou-se da velocidade de seus três homens mais ofensivos contra a lenta linha defensiva germânica. Em cerca de 10 minutos, os argentinos criaram chances, cercaram a área e assumiram o controle do jogo.
Aos poucos, a Alemanha voltou a sua postura ofensiva normal, mas já não tinha a liberdade para avançar pelos lados da primeira etapa. Com Pérez e Biglia a auxiliar os laterais, a marcação argentina pelos flancos era competente. Ainda assim, os alemães insistiam por ali, sem notar que havia espaço para trabalhar na região central, onde Mascherano segurava sozinho a proteção à defesa.
Com a mudança de jogadores e de sistema tático, a Argentina já não atacava de forma vertical, como fizera no primeiro tempo. O time de Sabella avançava com aproximação entre as peças e boas trocas de passe. Pérez, mais centralizado do que no primeiro tempo, comandava a transição entre defesa e ataque, até ficar desgastado e ser substituído por Gago.
No final do segundo tempo, Löw resolveu colocar o “falso-nove” ao promover a entrada de Götze no lugar de Klose. O jovem do Bayern foi posicionado do lado direito, com Müller de centroavante. Ainda que um comandante de ataque móvel favorecesse, em teoria, as tramas pelo meio, nas costas dos volantes, a Alemanha passou toda a prorrogação insistindo em jogadas próximas às laterais.
No início do tempo extra, com Schweinsteiger e Kroos avançando para se juntar aos esforços ofensivos nos flancos, a Argentina teve algumas boas chances em contra-ataques, aproveitando-se do buraco que se formava entre defesa e meio-campo com a projeção dos volantes alemães.
Não demorou muito para que a dupla corrigisse o posicionamento, e a Alemanha seguiu sua pressão. A jogada de flanco finalmente funcionou quando o finalizador movimentou-se em direção à área, em vez de esperar o passe entre os zagueiros. Götze iniciou a jogada na intermediária e se projetou para aproveitar o cruzamento perfeito de Schürrle e dar a Copa aos alemães.
Postado por André Baibich, às 19:39
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