Melhor resposta - Escolhida por votação
colonização portuguesa nos séculos XVI e XVII deixou marcas
nas práticas médicas populares do Brasil. A medicina era exercida por físicos,
cirurgiões, boticários e barbeiros, que eram poucos, de condições humildes e
pouca instrução, permitindo assim, a proliferação do curandeirismo. Praticavam
uma medicina impregnada de espírito de religiosidade, marcada pela fé cristã,
tal como era em Portugal e em outros países da Europa medieval, quando a
medicina era ensinada nos conventos e onde, também, os livros médicos eram
escritos.
Santas Casas
Pouco depois da chegada dos colonizadores portugueses ao
Brasil, implantaram o modelo das Santas Casas, inaugurado em Portugal, em 1498.
No Brasil, o fundador da cidade de Santos, o fidalgo português Braz Cubas
(1507-1592) iniciou, em 1542, no povoado de São Vicente, a construção da Santa
Casa de Misericórdia de Santos. O Hospital de Todos os Santos, o primeiro do
país, seria inaugurado no ano seguinte e terminou dando o nome à cidade.
Religiosos jesuítas passaram a colaborar com a instituição em 1553.
O Conselho Ultramarino, organismo do Estado português que
controlava as colônias, criou, ainda no século XVI, os cargos de físico-mor e
cirurgião-mor, que deveriam ser responsáveis pela saúde no Brasil. Mas a vida
difícil nos trópicos não entusiasmou os médicos lusitanos e os dois cargos
permaneceram desocupados por muito tempo. As Santas Casas, então, respondiam
por todo o atendimento de saúde. Até o final do século XVI haviam sido criadas
Santas Casas também no Espírito Santo, Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo
Médicos e curandeiros
Até o século XIX floresciam curandeiros, charlatães e
feiticeiros no Brasil colonial. O primeiro médico prático do Rio de Janeiro foi
Aleixo Manuel, o velho, em meados do século XVII. Os caboclos empregavam a vaga
medicina dos pajés, e os negros, seus amuletos e ervas. Nas ruas, barbeiros
apregoavam drogas, faziam sangrias. Não havia Faculdade de Medicina e os
cariocas que desejavam curar seus semelhantes eram obrigados a ir estudar em
Coimbra, Portugal. A medicina do tempo do Primeiro Reinado, embora D. João VI
tivesse trazido alguns bons médicos para o Rio de Janeiro, era do ‘tipo
caseiro’: rodelinhas de limão nas frontes para enxaquecas, suadouros de
sabugueiro e quina, para as febres: cataplasmas contra as asmas: antipirina
para as dores de cabeça; banhos de malva para as dores nas cadeiras; um
‘cordial’ contra a insônia e, para os loucos, o Hospício, na Praia Vermelha.
O Rio de Janeiro foi, no tempo colonial, um verdadeiro
‘campo experimental’ para remédios, tal sua quantidade. Além de terem imitado
os de Portugal, haviam especialidades indígenas ou africanas. Na Farmacopéia de
Vigier, de 1766, são anotados: para a sífilis, carne de víbora em pó; para a
tuberculose pulmonar ou ‘chaga de bofe’, açúcar rosado com leite de jumenta ou
cabra; para a verminose, raspas de chifre de veado; para a calvície, pomada de
gordura humana retirada dos enforcados; nas anginas, pescoço de galo torrado e
pulverizado; para panarícios, pasta de minhocas; havia chás feitos com
excrementos de gatos e cães, percevejos, urina, carne e pele de sapos e
lagartixas. Uma emulsão conhecida como ´da castidade´ era dada a padres e
freiras como antiafrodisíaco: levava água de alface, rosas e sementes de
papoulas.
Profissionais
A carência de profissionais médicos no Brasil Colônia era
enorme. Para se ter uma idéia, no Rio de Janeiro, em 1789, só existiam quatro
médicos exercendo a profissão. Em outros estados brasileiros eram mesmo
inexistentes.
A medicina era exercida por físicos, cirurgiões, boticários
e barbeiros. Os físicos eram formados pelas universidades européias,
principalmente ibéricas, sendo em menor número que os cirurgiões. Esses por sua
vez, na metrópole ou na colônia, aprendiam seu ofício na prática, tendo como
mestre um cirurgião já habilitado. Para garantirem o direito de exercer apenas
a cirurgia, prestavam exames diante das autoridades sanitárias competentes,
quando obtinham a “carta de examinação”. No Brasil, a autoridade sanitária era
exercida pelos delegados ou comissários do físico-mor ou cirurgião-mor do Reino
de Portugal. A partir de 1782, com a criação da Junta do Protomedicato pelo
Reino de D. Maria I, houve uma centralização maior da fiscalização do exercício
da medicina na colônia pela metrópole, quando os representantes locais das
autoridades reinóis, os delegados, atuavam com base em regulamentos, avisos e
alvarás expedidos pela Coroa.
Ao cirurgião-barbeiro era permitido oficialmente a cirurgia;
ao barbeiro, a aplicação de ventosas, sarjaduras e sanguessugas, corte de
cabelo ou barba e extração de dentes; ao sangrador e algebrista, o tratamento
de fraturas, luxações e torceduras; à parteira ou aparadeira, o atendimento aos
partos normais; e aos boticários, a preparação e comércio de medicamentos. Os
diplomas eram muitas vezes vendidos aos pretendentes a esses cargos citados,
que não cursavam o período de estágio necessário.
Aos boticários cabiam a manipulação das fórmulas prescritas
pelos médicos, mas a verdade é que eles próprios tomavam a iniciativa de
indicá-los. Não dispondo de um aprendizado acadêmico, o processo de habilitação
na função consistia tão somente em acompanhar um serviço de uma botica já
estabelecida durante um certo período de tempo, ao fim do qual prestavam exame
perante a fisicatura e se aprovado, o candidato recebia a “carta de
habilitação”, e estava apto a instalar sua própria botica.
Uma nova elite
O Brasil passaria por grandes mudanças a partir de 1808,
quando o ataque de Napoleão a Portugal forçou a transferência do governo para o
Rio de Janeiro. O Brasil tornava-se a sede provisória do Império português e
recebia uma corte de dez mil pessoas, com exigências e costumes que a estrutura
colonial não podia suportar.
D. João VI tratou de equipar o Rio de Janeiro com as instituições
necessárias ao funcionamento do governo – como o Banco do Brasil e a Imprensa
Régia – e também com as comodidades da vida burguesa lusitana.
A vinda da família real criou a necessidade da organização
de uma estrutura sanitária mínima, capaz de dar suporte ao poder que se
instalava na cidade do Rio de Janeiro. Até 1850 as atividades de saúde pública
estavam limitadas à delegação das atribuições sanitárias às juntas municipais e
ao controle de navios e saúde dos portos. Verifica-se que o interesse
primordial estava limitado ao estabelecimento de um controle sanitário mínimo
da capital do império, tendência que se alongou por quase um século.
Para atender a essa elite transplantada aos trópicos,
tornavam-se necessárias também modificações profundas no atendimento de saúde.
Ainda em 1808, eram criados os primeiros cursos de medicina no Rio de Janeiro e
em Salvador.
Cursos de medicina
Sendo Salvador e Rio de Janeiro as cidades brasileiras de
maior expressão do país na época, aí se instalaram as primeiras escolas de
cirurgia.
O ensino oficial da medicina no Brasil começaria em 5 de
novembro de 1808, quando, por decreto de D. João VI, foi criada a Escola
Anatômico-Cirúrgica e Médica, precursora da atual Faculdade Nacional de
Medicina. Essa faculdade, na rua de Santa Luzia, de 1832 a 1919 se chamou
Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.
A Escola de Cirurgia da Bahia foi criada a pedido de José
Corrêa Picanço, pernambucano, cirurgião da Real Câmara, lente jubilado da
Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. O Príncipe-Regente D. João,
atendendo a seu pedido, fundou a Escola de Cirurgia da Bahia na cidade de
Salvador pela decisão régia de 18/02/1808.
A Academia Nacional de Medicina foi fundada no Brasil em
1829, por Souza Meireles, sob o nome de Sociedade de Medicina. Posteriormente
foi chamada Academia Imperial de Medicina.
http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20080313090627AA76tXs
http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20080313090627AA76tXs
Nenhum comentário:
Postar um comentário