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Agora mesmo · NATUREZA
Cientistas descobrem superpênis de lula
Matt Walker
Editor da BBC Earth News
O macho da espécie O. ingens com o pênis ereto (a estrutura
tubular branca na parte de baixo da foto)
Cientistas britânicos revelaram pela primeira vez
detalhes da vida reprodutiva de lulas que vivem no fundo do mar depois da
descoberta de uma lula macho com um pênis ereto quase do tamanho do corpo do
animal.
Segundo um artigo publicado na revista especializada Journal
of Molluscan Studies, os cientistas descobriram que o órgão injeta pequenos
“pacotes” de espermatozoides no corpo da fêmea.
O biólogo marinho e especialista em peixes de águas
profundas Alexander Arkhipikin, do departamento de pesca do governo das Ilhas
Malvinas, disse que o animal foi capturado durante um cruzeiro de pesquisa.
“A lula adulta foi recolhida durante um cruzeiro de pesquisa
em uma área da Patagônia. Tiramos o animal da rede, ele estava moribundo, com
braços e tentáculos ainda se movendo, e cromatóforos na pele se contraindo e
expandindo”, disse ele à BBC.
A lula da espécie O. ingens vive no fundo do mar
“Quando abrimos o manto da lula para avaliar sua idade,
testemunhamos um fato incomum.”
“O pênis da lula, que havia se estendido apenas um pouco
além da margem do manto, de repente se tornou ereto e se alongou rapidamente
até um total de 67 centímetros, quase o mesmo tamanho do animal.”
A agitação sexual do molusco pegou os cientistas de
surpresa, mas sua ocorrência ajudou a resolver o mistério de como as lulas se
reproduzem no fundo do mar.
Reprodução
Os biólogos possuem mais conhecimento sobre como os
cefalópodes de águas rasas se reproduzem - o grupo inclui polvos, alguns tipos
de lula e a sépia.
A parte mais característica do corpo dos cefalópodes é a
estrutura fechada parecida com um capuz chamada de manto, que forma a maior
parte do que parece ser o corpo e a cabeça dos animais.
Eles usam o manto para se mover por um mecanismo de
propulsão e precisam ventilá-lo para respirar. O manto ainda protege e esconde
seu sistema de excreção e os órgãos sexuais.
Sua forma física, no entanto, representa um desafio para os
cefalópodes machos: como transportar o sêmen para fora do manto e como mante-lo
dentro da cavidade das fêmeas, tendo em vista a movimentação de água dentro do
manto para que elas possam se mover e respirar?
Os cefalópodes de água rasa desenvolveram um braço especial
para fazer o serviço. Eles têm pênis curtos, que produzem os “pacotes” de
espermatozoides – chamados espermatóforos – e um de seus oito braços é modificado
para transferi-lo para o receptáculo especial da fêmea.
A lula macho com o pênis em posição de "descanso"
Esses receptáculos normalmente são localizados na pele, ou
na cavidade interna da fêmea.
Sabia-se que as lulas de água profunda usavam um método mais
primitivo, que envolvia, de alguma forma, a transferência dos espermatozoides
para o corpo da fêmea.
Mas os biólogos não tinham ideia de como esse processo era
realizado, já que as lulas de água profunda não têm braços modificados.
“A gente tinha apenas suspeitas de como isso poderia ocorrer
em águas profundas”, disse Arkhipkin. Até hoje, acreditava-se que elas lançavam
os espermatóforos à distância, para que alcançassem as fêmeas.
Mas a pesca da lula da espécie Onykia ingens revelou a
resposta.
“Obviamente, um pênis fortemente alongado é a solução”,
disse o biólogo.
Com o órgão, a lula macho chega até o corpo da fêmea e
injeta os espermatozoides diretamente, para evitar que ele seja levado pela
água.
Os cientistas, no entanto, ainda não sabem como esse
espermatozoide chega até o órgão reprodutor da fêmea.
Até hoje, pouquíssimos espécimes de lulas gigantes (Architeuthis
dux), ou de seu parente ainda maior, a lula colossal (Mesonychoteuthis
hamiltoni), foram vistos ou recolhidos do mar.
Para Arkhipkin, é provável que estas se reproduzam de forma
semelhante à lula capturada.
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