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domingo, 26 de outubro de 2014

ARQUÉTIPO: EFEITOS HIPNÓTICOS Prof. Dr. Antonio Carreiro - [ Artigo enviado por Aldo Leal Barreto ]

18 de outubro de 2014 01:00
ARQUÉTIPO: EFEITOS HIPNÓTICOS
Prof. Dr. Antonio Carreiro www.academiadehipnose.com
Arquétipo é um conceito antigo que alcançou o cristianismo filosófico inspirado no mundo das ideias de Platão. Também foi usado por filósofos neoplatônicos para designar as ideias como modelos de todas as coisas existentes. Nesta concepção, há um universo no qual tudo é permanente e imutável, povoado por ideias originais e esses conceitos chegaram à filosofia cristã, sendo difundidos por Santo Agostinho (Carreiro, 1999).
Os arquétipos representam ideias vagas, conceituais e, não são concretos, são difíceis de exemplificar ou entender seus significados ou formas, existem desde o inicio da civilização. Toda pessoa desde seu nascimento já é emvolvida por um conjunto de ideias abstratas que irão permanecer com ela por toda a vida.
A ideia de um arquétipo é primordial e jamais mudará, porém, a mitologia se vale dela para criar historias e interpretações, assim como criar representações simbólicas, que variam muito de acordo com a cultura, religião, etnia e tradições de um povo, “são as tendências estruturantes e invisíveis dos símbolos” (Jung, 2000).
Jung (2000) se refere aos arquétipos como sendo imagens primitivas inseridas no inconsciente coletivo, que o Ser Humano herda dos seus ancestrais mais primitivos e vai passando de geração para geração. Representam a origem de tudo que há no que se considera a realidade e, portanto, presente nos bastidores de todos os pensamentos, sentimentos, emoções, intuições, sensações e atitudes humanas.
Para Jung, o inconsciente coletivo é um segundo sistema psíquico da pessoa, é uma força que lhe compele a agir sem nem mesmo saber por que está agindo. Deduz que os arquétipos se originam de uma constante repetição de uma mesma experiência.
O conteúdo psíquico do inconsciente coletivo são os arquétipos, são formas de pensamento universal com carga afetiva e que dão origem às fantasias individuais e também às mitologias de todas as épocas. Representam as principais estruturas formadoras da personalidade e correspondem frequentemente a temas mitológicos que reaparecem em contos e lendas populares de épocas e culturas diferentes.
Afirma Jung (2000) que conteúdos dos arquétipos não podem ser destruídos, representam parte inconsciente da história de vida de cada ser. São presentes em crenças religiosas ou não, como algo que pode mudar de forma inexplicável e profundamente o curso dos acontecimentos.
Algumas representações arquetípicas são conhecidas e muitas são as tentativas para a sua interpretação, como exemplo a Grande-Mãe que surge do arquétipo da Natureza, força criadora que alimenta sua criação. Assim também é o Grande Pai, representado no inconsciente coletivo na figura de um Deus masculino que tudo vê, sabe ou sente. A concepção de Deus surge do arquétipo do Divino e sua representação pode mudar quando muda a mitologia. A crença em um Deus pode desaparecer ou reaparecer em função das mudanças culturais, porém o arquétipo do Divino nunca desaparece porque é uma ideia primordial, é daí que nascem os deuses em suas mais variadas concepções e formas culturais.
Segundo Jung (2000), nenhum arquétipo pode ser reduzido a uma simples fórmula representativa como a Morte, o Herói, o Si mesmo, o Espírito ou o Velho Sábio. Todos são exemplos de algumas das numerosas ideias primordiais que permeiam e ultrapassam a existência humana como o Medo, o Sagrado, o Divino, a Força, a Coragem, a Natureza, entre outros. “Ele existe em si apenas potencialmente e quando toma forma em alguma matéria, já não é mais o que era antes. Persiste através dos milênios e sempre exige novas interpretações. Os arquétipos são os elementos inabaláveis do inconsciente, mas mudam constantemente de forma” (JUNG, 2000)
Em cada cultura, época ou sociedade humana, os arquétipos são expressos em formas de sons, gestos, símbolos, imagens, atitudes, situações e personalidades que provocam uma resposta no mais profundo nível inconsciente, trazendo à tona sentimentos, emoções e comportamentos. As expressões simbólicas das representações arquetípicas podem ser poderosas ou não, fortes ou fracas, positivas ou negativas, às vezes até simultaneamente, como acontece com o arquétipo do Divino que pode despertar o sentimento de ser protegido ou abandonado pelos deuses.
A dupla polaridade das representações arquetípicas é revelada na ideia do bem e do mal, pecado e virtude, anjo e demônio, amor e ódio, vida e morte ou a recompensa e o castigo. Como exemplo, quando alguém espera salvação ou punição, dependendo das circunstâncias e influências arquetípicas aceitas ou vivenciadas, mesmo que inconscientemente, no meio sócio-cultural.
A mente é, ao longo da vida, “programada” pelos arquétipos, através de suas representações culturais, tanto positiva como negativamente. Diante dessas representações, as pessoas experimentam reações emocionais que podem mudar completamente sua visão de mundo, mudar sua reação aos acontecimentos ou situações, bem como seu poder pessoal ou sua saúde.
Representações arquetípicas são produtos da história da humanidade e, no contexto social, refletem instabilidades, singularidades e idiossincrasias de seus sujeitos. Seus efeitos e reflexos se manifestam de forma concreta na sociedade, são expressos nas artes, na cultura e na literatura.
Christopher Vogler (2006) sugere uma reflexão em obras literárias, de ficção ou não ficção, a respeito da expressão dos arquétipos em narrativas, cujo enredo pode revelar sua relação com as condutas dos personagens. São vários exemplos literários que expressam ideias e personagens vinculados aos arquétipos, sua presença pode ser encontrada em uma infinidade de autores como nas peças de Shakespeare, em “O Mercador de Veneza”, leitura que permite analisar a questão da justiça na história de um avarento que acaba condenado. Também em “O Crime e Castigo”, de Dostoievsky, e mesmo os chamados romances policiais nas obras de Agatha Christie (Carreiro, 2014)
Outra leitura que serve de exemplo de personalidades arquetípicas é a obra de Victor Hugo, “Os Miseráveis”, que claramente aponta para questões éticas e morais em uma sociedade sem justiça. Até em contos infantis sua presença pode ser notada quando a narrativa fala de proteção, natureza, afetos familiares, heróis, deuses ou fadas.
As características positivas dos arquétipos podem ser usadas de forma ostensiva, discreta ou até como decoração de ambientes. São representados também por símbolos, objetos, talismãs, bustos, imagens, retratos ou desenhos de pessoas, santos, anjos ou deuses, tudo que seja aceito como sendo mágico, místico ou divino, inspirando forças indiscutíveis, superiores e infalíveis. Simples palavras pronunciadas na hora certa podem, de forma sútil e subjetiva, representar uma relação arquetípica.
Inconscientemente, símbolos podem ser entendidos como representações boas daquilo que se quer atingir ou conquistar e, intuitivamente, as pessoas sabem do significado deles porque fazem parte da sua cultura e é marcante no inconsciente pessoal e coletivo. São símbolos culturais que transmitem sentimentos de proteção e emoções boas como a ideia de mãe, pai, paz, luz, harmonia, fraternidade. Portanto, é muito mais fácil usar a força de um arquétipo para fazer o lado inconsciente da mente agir do que explicar ou racionalizar detalhadamente aquilo que se quer para si.
De forma inconsciente, o arquétipo alimenta pensamentos, emoções e comportamentos. Se alguém não for livre de medos e inseguranças é necessário mergulhar em seus arquétipos negativos e substituí-los. Mesmo os mais incrédulos e até aqueles desprovidos de crenças religiosas veneram arquétipos do divino, do sagrado ou da natureza.
Influenciado pelo arquétipo Natureza, é comum alguém vivenciar estados emocionais agradáveis simplesmente contemplando o mar, rios, florestas, uma simples planta ou um animal que escolheu para reverenciar como poderoso e capaz de lhe transmitir confiança, segurança, paz e outras condições emocionais de bem estar e conforto.
Elementos arquetípicos são identificados pelo próprio interessado que passa a venerar como um dogma, e deles se aproxima através de símbolos, como amuletos, que vão servir para a convicção não racional do inconsciente e determinar mudanças. No processo de cura pela sugestão, esses elementos simbólicos funcionam de forma mais eficaz do que uma sugestão explicita de melhoria.
Os arquétipos, portanto, são modelos ou padrões ideológicos que se expressam através de símbolos, que podem ser nomes, imagens familiares ou de personalidades públicas ou sagradas. Possuem significado próprio, mas também trazem outras conotações, evocam algo mais que seu simples significado. Por exemplo, o nome de Jesus Cristo tornou-se símbolo, porque traz consigo o aspecto inconsciente do arquétipo do divino que não pode ser definido ou explicado plenamente e, mesmo para quem não é religioso, isso funciona. Jung (1990) afirma que os símbolos podem ser individuais ou coletivos e se interessou mais pelos universais, como a Estrela de Davi e a Cruz que despertam mais fortemente as emoções e sentimentos de proteção.
O inconsciente se expressa basicamente por símbolos arquetípicos que são encontrados nos mitos e nas mais variadas religiões e em lendas que já fazem parte da cultura coletiva, os quais marcam definitivamente a consciência e particularmente a esfera do inconsciente humano. Passam uma ideia de melhoria ou confiança, de forma subjetiva e inconsciente, para alguém que esta com a mente relaxada. São ideias abstratas que agem como “partida” para que o inconsciente processe soluções e se ajuste as necessidades de mudanças.
É fato que todo Ser Humano, diretamente ou intermediado, consciente ou inconscientemente, percebe-se sujeito do seu mistério e elabora, com base em seus arquétipos, qual o melhor caminho para se relacionar com o divino e outras forças que imagina e acredita serem protetoras como a grandeza do mar, da floresta, dos rios, animais ou vegetais. Inserido no inconsciente coletivo, ele se fortalece também através do simbolismo cultural, é o meio pelo qual pode visualizar soluções mágicas para seus anseios, frustrações, desejos e necessidades. Seja por uma relação direta, como acontece na auto-hipnose, ou por intermediação de alguém que a isso recorre como elemento para convencer ou sugerir.
Os arquétipos, através de seus símbolos, transmitem indiretamente eficientes sugestões de mudanças, mais eficientes do que as sugestões diretas; pelo fato de evitarem a ação da lei da reversão dos efeitos ou do efeito contrário, que significa a possibilidade do inconsciente rejeitar sugestões verbais explicitas, como exemplo, quando se diz: “você vai ficar curado” e o inconsciente afirma “impossível, meu caso é crítico, difícil, sem saída” (Coué, 1956). O arquétipo do divino, do sagrado ou da imagem materna ou paterna evita efeitos contrários e pode desencadear mudanças ou curas que são de difícil explicação.
Praticamente quase todos os indivíduos se tornam sugestionados pelos arquétipos quando suas representações simbólicas são aceitas e difundidas no seu meio social. A maioria das pessoas não questiona sua força e, acreditando, transforma seu significado em dogmas a serem seguidos (Carreiro, 2012).
Um arquétipo bem escolhido é um símbolo representativo que pode estimular qualquer tipo de sentimento e emoção. Se for positivo pode permitir o inconsciente buscar saídas ou soluções, transmitindo a ideia ou sensação de crescimento, desenvolvimento, poder, autoestima, realização, prosperidade, saúde, união, felicidade, proteção e prazer na vida de uma pessoa.
Palavras têm efeito muito forte, a frase que afirma “palavra tem poder” revela que, no sentido semântico, representam arquétipos que impressionam ideias no inconsciente, são aceitas como um propósito, como um lema que finalmente dominará as atividades diárias guiando uma sequência de ações, passo a passo, para a sua consecução. Tudo isso acontece no nível inconsciente, a mente percebe os significados de cada palavra e conscientemente não se fica sabendo, mas a resposta acontece.
No processo sugestivo, para formular frases, algumas palavras devem ser prioritárias por representarem forte conteúdo de apelo emocional. As palavras pai e mãe possuem valores afetivos; sexo, morte, saúde e doença possuem valores existenciais; alimento, dinheiro, patrimônio e conforto representam valores materiais; luz, caridade e Deus nas mais variadas formas e concepções, representam proteção, perdão, acolhimento, resignação e conquistas espirituais. Assim também acontece com palavras vinculadas ao arquétipo da Natureza como floresta, rios, cachoeiras, mar ou montanhas, essas representam segurança, esperança, tranquilidade. O peso simbólico de cada palavra varia de acordo com o momento e o processo de vida de cada sujeito
Referências:
Carreiro, A. A. Hipnose: Mítica, filosofia e científica. Bahia, Editora JM, 2012.
Carreiro,O A. A. Hipnose e Saúde Psicossomática. Bahia, Editora JM. 2014
Carreiro, A. A. Hipnose e Psicoterapia: Etiologia e Práxis. São Paulo, Editora Fiúza, 1999.
Coué, E. Auto-sugestão consciente – que digo e que faço – O domínio de si mesmo. Rio de Janeiro, Editora Minerva, 1956.
Jung, Carl G. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. Rio de Janeiro: Vozes, 2000.
Jung, C. G. Estudos sobre o simbolismo de si mesmo. In: Obras completas. v.2, 2ª ed., Rio de Janeiro, Editora Vozes, 1990.
Volgler, Christopher. A jornada do escritor: estruturas míticas para escritores. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006.
18 de outubro de 2014 14:34

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