A REPÚBLICA ‘SALVADORA’
Mas a melhor notícia para Aparecida foi a derrubada do Império. Ao contrário da família real, a República não demonstrou interesse em administrar os santuários ou entregá-los a grupos políticos. O primeiro presidente, o marechal Deodoro da Fonseca, publicou um decreto separando a Igreja do Estado.
— A República foi considerada a salvação da basílica — avalia Alvarez. — O regime queria se mostrar afinado com os anseios do povo. Por isso, Aparecida foi coroada padroeira do Brasil em 1904.
Desde então, diversos presidentes ergueram a escultura, a ditadura militar levou-a para passear em uma peregrinação nacional — entre 1966 e 1968, ela percorreu 45 mil quilômetros em 508 dias de viagem — e, em 1980, a santa ganhou uma basílica nova. Três papas beijaram seus pés, um gesto que nasceu no século XVIII. Depois de João Paulo II e Bento XVI, veio Francisco, em junho do ano passado. Inicialmente, o pontífice deveria visitar apenas o Rio. No entanto, preferiu esticar a viagem em um dia para ir ao interior paulista e conhecer a santa brasileira.
Da exploração de sua imagem à aclamação popular, da negligência imperial à cessão de uma coroa de diamantes, Aparecida trilhou um caminho tão torto como seu molde de barro. Prestes a completar seu tricentenário, a santa livrou-se de tesoureiros corruptos e viu padres deixarem de ser “votos vencidos” em documentos sobre seu patrimônio. A cobiçada santa feia e sem cabeça viveu o que seus fiéis brasileiros ainda vivem.
Read more: http://oglobo.globo.com/sociedade/historia/crime-corrupcao-marcaram-construcao-do-mito-de-nossa-senhora-aparecida-14215681#ixzz3FtpdSfkp
Nenhum comentário:
Postar um comentário