O memórias postumas do Machado não é assim também?
Não. O “Memórias póstumas de Brás Cubas” é escrito por um morto e direcionado aos vivos. Ele não está propriamente escrevendo um livro, o livro que estamos lendo já está pronto na cabeça dele. Em “A seta de Verena”, há trechos do livro inacabado, rascunhos que o personagem não conseguiu terminar, cartas que se interrompem, contos que não se concluem por causa da autocrítica impiedosa do jovem escritor.
Amostra. “Bercedes!”, gritou a velha. “Bercedes!”
A moça chegou em seguida, trazendo-lhe o chá. Desde que fora trabalhar naquela casa, Mercedes passara a renunciar a certas Técnicas esgotadas. Truquezinhos baratos. Que tédio. A morte não tem fim. Isso pensava Serafim Vital enquanto errava pelas ruas. Não se lembrava do que vinha acreditando para depois. Mal podia recordar situações recentes.[...] Há alguns dias tinha ido Aonde teria ido Serafim? tinha ido visitar a filha. Levara um presente para o neto de cinco anos, um joguinho próprio para crianças de oito. Explicando: Há tempos não via a filha, que morava em outro estado. Ouvia deles, pelo telefone, que o garoto era precoce e habilidoso, inteligente demais para sua idade, como se diz de todas as crianças, mas com tal ênfase que o pobre Serafim de fato acreditara em tudo. Foi uma visita constrangedora e infeliz, pois o brinquedo inadequado não agradou ao genro, muito menos ao neto. O personagem deve manter o leitor dividido entre o riso e a piedade. Bons personagens são os que manipulam e confundem. ...e havia sonhado com cães. Eles o estraçalhavam entre os dentes, e tudo ia ficando escuro, escuro. Ah, que doce sensação de fraqueza! A dor e o sangue, a embriaguez da morte... A vertigem...
e cada cão que lhe aparecia reanimava suas esperanças. “É você! Sei que é você! Chegou a hora!” O cão, negro como a noite, passava por ele ignorando-lhe as súplicas, deixando-o à mercê da vida. A morte não tem fim.
E Serafim prosseguia Com esse nome? Convenhamos. http://www.percepolegatto.com.br/2012/04/22/borboletas-com-relogio-ao-fundo/
Amostra. “Bercedes!”, gritou a velha. “Bercedes!”
A moça chegou em seguida, trazendo-lhe o chá. Desde que fora trabalhar naquela casa, Mercedes passara a renunciar a certas Técnicas esgotadas. Truquezinhos baratos. Que tédio. A morte não tem fim. Isso pensava Serafim Vital enquanto errava pelas ruas. Não se lembrava do que vinha acreditando para depois. Mal podia recordar situações recentes.[...] Há alguns dias tinha ido Aonde teria ido Serafim? tinha ido visitar a filha. Levara um presente para o neto de cinco anos, um joguinho próprio para crianças de oito. Explicando: Há tempos não via a filha, que morava em outro estado. Ouvia deles, pelo telefone, que o garoto era precoce e habilidoso, inteligente demais para sua idade, como se diz de todas as crianças, mas com tal ênfase que o pobre Serafim de fato acreditara em tudo. Foi uma visita constrangedora e infeliz, pois o brinquedo inadequado não agradou ao genro, muito menos ao neto. O personagem deve manter o leitor dividido entre o riso e a piedade. Bons personagens são os que manipulam e confundem. ...e havia sonhado com cães. Eles o estraçalhavam entre os dentes, e tudo ia ficando escuro, escuro. Ah, que doce sensação de fraqueza! A dor e o sangue, a embriaguez da morte... A vertigem...
e cada cão que lhe aparecia reanimava suas esperanças. “É você! Sei que é você! Chegou a hora!” O cão, negro como a noite, passava por ele ignorando-lhe as súplicas, deixando-o à mercê da vida. A morte não tem fim.
E Serafim prosseguia Com esse nome? Convenhamos. http://www.percepolegatto.com.br/2012/04/22/borboletas-com-relogio-ao-fundo/
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