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quarta-feira, 7 de outubro de 2009

mein kampf capitulo 3

CAPÍTULO III - REFLEXÕES GERAIS SOBRE A POLÍTICA DA ÉPOCA DE MINHA ESTADA EM VIENA

Estou convencido de que, a menos que se trate de indivíduos dotados de dons excepcionais, o homem, em geral, não se deve ocupar, publicamente, de política, antes dos trinta anos de idade. Não o deve, porque só então se realiza, o mais das vezes, a formação de uma base de idéias, de acordo com a qual, ele examina os diferentes problemas políticos e determina a sua atitude definitiva em relação aos mesmos. Só depois de adquirir uma tal concepção fundamental e de alcançar, por meio dela, firmeza no- modo de encarar as questões particulares do seu tempo, deve ou pode o homem, intelectualmente amadurecido, tomar parte na direção da coisa pública.
A não ser assim, corre ele o perigo de um dia mudar de atitude sobre questões essenciais ou, contra as suas idéias e sentimentos, permanecer fiel a uma maneira de ver desde muito tempo repelida pela sua razão, pelas suas convicções. O primeiro caso, é, para o indivíduo pessoalmente doloroso, porque, quem vacila não tem mais o direito de esperar que a fé de seus adeptos tenha a inabalável firmeza que dantes tinha; e, para os seus dirigidos, a fraqueza do chefe sempre se traduz em perplexidade e não raro no sentimento de um certo vexame em face daqueles que até então combatiam. Em segundo lugar, sobrevem o que. sobretudo hoje, é muito freqüente: à medida que o chefe não dá mais crédito ao que ele próprio disse, a sua defesa torna-se mais fraca e, por isso mesmo, vulgar quanto à escolha dos meios. Ao passo que ele próprio não pensa mais em defender os seus pontos de vista políticos (ninguém morre por aquilo em que não crê), as suas exigências junto aos seus partidários, tornam-se proporcionalmente cada vez mais imprudentes até que, afinal, ele sacrifica as suas últimas qualidades de chefe para converter-se num "político", isto é, nesse tipo de homem cujo único sentimento verdadeiro é a falta de sentimento, ao lado de uma arrogante impertinência e uma descarada arte de mentir.
Se, por infelicidade dos homens decentes, um sujeito desses chega ao Parlamento, deve saber-se desde logo que, para ele, a essência da política consiste apenas numa luta heróica pela posse duradoura de uma "mamadeira" para si e para a sua família. Quanto mais dependam dele mulher e filhos, tanto mais aferradamente lutará pelo seu mandato. Qualquer outro homem de verdadeiros instintos políticos é, por isso mesmo, seu inimigo pessoal. Em qualquer novo movimento, fareja ele o possível começo do fim de sua carreira, e em cada homem superior a probabilidade de um perigo que ameaça.
Adiante, falarei mais detalhadamente dessa espécie de percevejos parlamentares.
O homem de trinta anos ainda terá de aprender muito, no curso de sua vida, mas isso será apenas o complemento e acabamento do quadro doutrinário traçado pela concepção por ele já aceita. Para ele, aprender não é mais mudar de método, mas enriquecer os seus conhecimentos; e seus partidários não terão de suportar a angústia de até então terem recebido dele ensinamentos errôneos, mas, ao contrário, a evidente evolução do chefe lhes dará satisfação, porque o que este aprende significa o aprofundamento da doutrina deles. E isso é uma prova da justeza de suas intuições.
Um chefe político que se vir na contingência de abandonar as suas idéias, reconhecendo-as como falsas, só procederá com decência se, ao reconhecer a falsidade das mesmas, estiver disposto a ir até às últimas conseqüências. Em tal caso, deve, no mínimo, renunciar ao exercício público de uma futura atividade política. Porque, tendo admitido o reconhecimento de um erro fundamental, fica aberta a possibilidade de uma segunda descaída. De modo algum, pode mais pretender ou exigir a confiança de seus concidadãos.
Atesta quão pouco se atende hoje a esse decoro a vileza da canalha que, - por vezes, se julga chamada a "fazer" política.
Da regra geral quase ninguém escapa.
Outrora, sempre me abstive de ingressar publicamente na vida pública, se bem que sempre me tivesse preocupado com a política, mais que muitos outros. Só a círculos restritos falava eu do que me impelia ou atraia. E o falar em pequenos grupos tinha, em si, de certo modo, muita utilidade. No mínimo, eu aprendia a "falar" e com isso a conhecer os homens nas maneiras de ver e de objetar, às vezes extremamente simplistas. Assim, sem perder tempo nem oportunidade, aperfeiçoava o meu espírito. A ocasião era, nesse tempo, em Viena, mais favorável do que em qualquer parte da Alemanha.
As idéias políticas em voga, na velha Monarquia do Danúbio, eram de mais interesses que na velha Alemanha da mesma época, exceto em parte da Prússia, em Hamburgo e nas costas do Mar do Norte. Sob a denominação de "Áustria" entendo nesse caso, o domínio do grande Império dos Habsburgos, em que a população alemã era, sob todos os aspectos, não somente o motivo histórico da formação daquele Estado, mas a força que, por si só, durante séculos, tornara possível a formação cultural do país. Quanto mais o tempo passava, mais dependiam da conservação dessa "célula mater" a estabilidade e o futuro daquele Estado.
Os velhos domínios hereditários eram o coração do Império, que sempre fornecia sangue fresco à circulação da vida do Estado e da sua cultura. Viena era, então, ao mesmo tempo, cérebro e vontade.
Só pelo seu aspecto exterior, Viena se impunha como a rainha daquele conglomerado de povos. A magnificência de sua beleza fazia esquecer o que ali havia de mau.
Por mais violentamente que palpitasse o Império, no interior, em sangrentas lutas das diferentes raças, o estrangeiro e, em particular, os alemães, só viam, na Áustria, a imagem agradável de Viena. Maior ainda era a ilusão porque, a esse tempo, Viena parecia ter atingido a sua fase de maior prosperidade. Sob o governo de um burgomestre verdadeiramente genial, despertava a venerável residência do soberano do velho Império, mais uma vez, para uma vida maravilhosa. O último grande alemão, o criador do povo de colonizadores da fronteira oriental, não era tido oficialmente entre os chamados "estadistas". O Dr. Lueger, tendo prestado inauditos serviços como burgomestre da "cabeça do Estado" e "cidade residência" (Viena), fazendo-a progredir, como por encanto, em todos os domínios econômicos e culturais, fortalecera o coração do Império, tornando-se assim, indiretamente, maior estadista que todos os "diplomatas" de então reunidos.
Se o aglomerado de povos a que se dá o nome de "Áustria" fracassou, isso nada quer dizer contra a capacidade política do germanismo na antiga fronteira oriental, mas é o resultado forçado da impossibilidade em que se encontravam dez milhões de indivíduos de conservarem duradouramente um Estado de diferentes raças com cinqüenta milhões de habitantes, a não ser que ocorressem na ocasião oportuna determinadas circunstâncias favoráveis.
O alemão austríaco teve que enfrentar um problema acima das suas possibilidades. Ele sempre se acostumou a viver no quadro de um grande Estado e nunca perdeu o sentimento inerente à sua missão histórica. Era o único, naquele Estado, que, além das fronteiras do apertado domínio da coroa, via ainda as fronteiras do Império. Quando, afinal o destino o separou da pátria comum, ele tentou tomar a si a grandiosa tareia de tornar se senhor e conservar o germanismo que seus pais, outrora, em infindos combates, haviam imposto ao leste. A propósito, convêm não esquecer que isso aconteceu com forças divididas, pois, no espírito dos melhores descendentes da raça alemã, nunca cessou a recordação da - pátria comum de que a Áustria era uma parte.
O horizonte geral do alemão-austríaco era proporcionalmente mais amplo. As suas relações econômicas abrangiam quase todo o multiforme Império. Quase todas as empresas verdadeiramente grandes se achavam em suas mãos e o pessoal dirigente, técnicos e funcionários, era na maior parte colocado por ele. Era também o detentor do comércio exterior em tudo o que o judaísmo ainda não havia posto a mão, nesse campo de suas preferências. Só o alemão conservava o Estado politicamente unido. Já o serviço militar o punha fora do lar. O recruta alemão austríaco ingressaria talvez, de preferência, num regimento alemão, mas o regimento poderia estar tanto na Herzegovina como em Viena ou na Galícia. o corpo de oficiais era sempre alemão, prevalecendo sobre o alto funcionalismo. Alemãs, finalmente, eram a arte e a ciência. Abstração feita do "kitsch" que é o novo processo na Arte, cuja produção podia ser sem dúvida também de um povo de negros, era só o alemão o possuidor e vulgarizador do verdadeiro sentimento artístico. Em música, literatura, escultura e pintura, era Viena a fonte que inesgotavelmente abastecia, sem cessar, toda a dupla monarquia.
O germanismo era enfim o detentor de toda a política externa, abs. traindo-se um pouco da Hungria.
Portanto, era vã toda tentativa de conservar o Império, Visto faltar, para isso, a condição essencial.
Para o Estado de povos austríacos só havia uma possibilidade: vencer as forças centrifugas das diferentes raças. O Estado, ou tornava-se central e interiormente organizado, ou não podia existir.
Em vários momentos de lucidez nacional, essa idéia chegou às "altíssimas" esferas, para logo ser esquecida ou ser posta de lado por inexeqüível. Todo pensamento de um reforço da Federação, forçosamente teria de fracassar em conseqüência da falta de um núcleo estatal de força predominante. A isso acrescentem-se as condições intrinsecamente diferentes do Estado austríaco em face do Império alemão, segundo o conceito de Bismarck. - Na Alemanha tratava-se apenas de vencer as tradições políticas, pois sempre houve uma base comum cultural. Antes de tudo, possuía o Reich, à exceção de pequenos fragmentos estranhos, um povo único.
Inversa era a situação da Áustria.
Lá a recordação da própria grandeza, em cada raça, desapareceu inteiramente ou foi apagada pela esponja do tempo ou pelo menos tornou-se confusa e indistinta. Por isso, desenvolveram-se, então, na era dos princípios nacionalistas, as forças racistas. Vencê-las tornava-se relativamente mais difícil, visto que, à margem da monarquia, começaram a formar-se Estados nacionais, cujos - povos, racialmente aparentados ou iguais às nações desmembradas, podiam exercer mais força de atração, ao contrário do que acontecia com o austro-alemão.
A própria Viena não podia resistir por muito tempo a essa luta.
Com o desenvolvimento de Budapeste, que se tornou grande cidade tinha ela, pela primeira vez, uma rival, cuja missão não era mais a concentração de toda a monarquia, mas antes o fortalecimento de uma parte da mesma. Dentro de pouco tempo, Praga seguiu o exemplo e depois Lemberg, Laibach, etc. Com a elevação dessas cidades, outrora provincianas, a metrópoles nacionais, formaram se núcleos culturais mais ou menos independentes. E dai as tendências nacionalistas das diferentes raças. Assim devia aproximar-se o momento em que as forças motrizes desses Estados seriam mais poderosas que a força dos interesses comuns e, então, extinguir-se-ia a Áustria.
Essa evolução tomou feição definida depois da morte de José II, dependendo a sua rapidez de uma série de fatores em parte inerentes à própria monarquia, mas que por outro lado eram o resultado da atitude do Reich na política internacional de então.
Se se pretendesse seriamente admitir a possibilidade da conservação daquele Estado e lutar por ela, só se poderia ter por objetivo uma centralização absoluta e obstinada. Depois, primeiro que tudo, se devia acentuar, pela fixação de uma língua oficial una, a homogeneidade pura e formal, cuja direção, porém, deteria nas mãos os expedientes técnicos, pois sem isso não pode subsistir um Estado uno. Depois, com o tempo, tratar-se-ia de desenvolver um sentimento nacional uno, por meio das escolas e da instrução. Isso não se alcançaria em dez ou vinte anos, mas em séculos, pois em todas as questões de colonização a pertinácia vale mais que a energia do momento.
Compreende-se, sem maiores explicações, que a administração, bem como a direção política, deveriam ser conduzidas com a mais rigorosa unidade de vistas.
Era para mim imensamente instrutivo examinar porque isso não aconteceu, ou melhor, porque não se fez isso. O culpado por essa omissão foi o culpado pelo desmoronamento do Reich.
Mais que qualquer outro Estado estava a antiga Áustria dependente da inteligência dos seus guias. A ela faltava o fundamento do Estado nacional, que possui, na base racista, sempre uma força de conservação.
O Estado racionalmente uno pode suportar a natural inércia de seus habitantes (e a força de resistência a ela inerente), a pior administração, a pior direção, por períodos de tempo espantosamente longos, sem por isso subverter-se. Muitas vezes, tem-se a impressão de que em tal corpo não há mais vida, é como se estivesse morto e bem morto. De repente, o suposto cadáver se levanta e dá aos homens surpreendentes sinais de sua força vital.
Assim não acontece com um Estado composto de raças diferentes, mantido, não pelo sangue comum, mas por um só pulso. Nesse caso, qualquer fraqueza na direção pode não só conduzir o Estado à estagnação como dar causa ao despertar dos instintos individuais, que sempre existem, sem que em tempo oportuno possa exercer-se uma vontade predominante. Só por via de uma educação comum, durante séculos, por uma tradição comum, por interesses comuns, pode esse perigo ser atenuado. Por isso, tais formações estatais, quanto mais jovens, mais dependentes são da superioridade da direção; e quando são obras de homens violentos ou de heróis espirituais, logo desaparecem após a morte de seu grande fundador. Mas, mesmo depois de séculos, esses perigos não devem ser considerados como vencidos; apenas adormecem, para, às vezes, despertarem de repente, quando a fraqueza da direção comum e a força da educação e a sublimidade de todas as tradições não podem mais dominar o impulso da própria vitalidade das diferentes raças.
Não ter compreendido isso é talvez a culpa, de tão trágicas conseqüências, da casa dos Habsburgos.
Só a um deles o destino apresentou o fanal, que logo depois se apagou para sempre, do destino da sua pátria.
José II, imperador católico-romano, viu, angustiosamente, que, um dia, no redemoinho de uma Babilônia de povos que se comprimiam à fronteira do Império, desapareceria a sua Casa, a não ser que, à última hora, fossem sanados os descuidos dos antepassados. Com sobre-humana força, o "amigo dos homens" tentou remediar a negligência de seus antecessores e procurou recuperar em décadas o que se havia perdido em séculos. Se para a realização de sua obra, ao menos duas gerações, depois dele, tivessem continuado, com o mesmo afinco, a tarefa iniciada, provavelmente se teria realizado o milagre. Mas quando, após dez anos de governo, faleceu, exausto de corpo e de espírito, com ele caiu a sua obra no túmulo, para não mais despertar, para adormecer para sempre na sepultura.
Os seus sucessores não estavam à altura da tarefa, nem pela inteligência, nem pela energia.
Quando, através da Europa, flamejavam os primeiros sinais da tempestade revolucionária, começou também a Áustria a pegar fogo, pouco a pouco. Quando, porém, o incêndio irrompeu afinal, já a fogueira era atiçada menos por causas sociais ou políticas que por forças impulsoras de origem racial.
Em outra parte qualquer, a revolução de 1848 podia ser uma luta de classes, mas na Áustria já era o começo de um novo conflito racial. Quando o alemão daquele tempo, esquecendo ou não reconhecendo essa origem, se colocava a serviço da sublevação revolucionária, traçava ele próprio o seu destino. Com isso auxiliava o despertar do espírito da democracia ocidental, que, dentro de pouco tempo, teria de subverter-se-lhe a base da própria existência.
Com a formação de um corpo representativo parlamentar, sem o prévio estabelecimento e fixação de uma língua oficial, foi colocada a pedra fundamental do fim do domínio do germanismo na monarquia dos Habsburgos. Desde esse momento, estava perdido também o próprio Estado. O que se seguiu foi apenas a liquidação histórica de um Império.
Era tão comovente quão instrutivo acompanhar essa decomposição. Sob milhares de formas realizava-se aos poucos a execução dessa sentença histórica. O fato de que parte dos homens se agitava às cegas através dos acontecimentos prova apenas que estava na vontade dos deuses o aniquilamento da Áustria.
Não desejo perder me aqui em minúcias, pois esse não é o fim deste livro. Apenas quero incluir no quadro geral de uma observação aqueles acontecimentos que, como causas sempre invariáveis da decadência de povos e Estados, também têm significação para o nosso tempo e finalmente se fazem sentir, em apoio dos fundamentos de meu pensamento político.
Entre as instituições que, aos olhos mesmo pouco perspicazes do cidadão comum, mais claramente podiam - mostrar a decomposição da monarquia austríaca, estava, em primeiro lugar, aquela que parecia dever procurar na força a razão de sua própria existência, isto é, o Parlamento ou, como se dizia na Áustria, o Conselho do Império ("Reichsrat").
Evidentemente, o modelo dessa corporação encontrava-se na Inglaterra, o país da "democracia" clássica. De lá transportaram essa maldita instituição e estabeleceram-na em Viena, tanto quanto possível sem modificá-la.
Na Abgeordnetenhaus e na Herrenhaus, o sistema bicameral inglês festejava a sua ressurreição. As "casas" eram, porém, algo diferentes. Quando, outrora, Barry fez surgir das ondas do Tâmisa o seu palácio do Parlamento, mergulhou na História do Império Britânico e retirou dela ornatos para os 1200 nichos, consolos e colunas de sua monumental construção. Assim as Câmaras dos Comuns e dos Lordes se tornaram, pelas suas esculturas e pinturas, o templo da glória nacional.
Aí surgiu a primeira dificuldade para Viena. Quando o dinamarquês Hansen acabava de colocar a última cumeeira da casa de mármore para os novos representantes do povo, só lhe restava, para decoração, recorrer a empréstimos à arte clássica. Os estadistas e filósofos gregos e romanos embelezaram esse teatro da "democracia ocidental" e, com ironia simbólica, avançam sobre as duas casas quadrigas em direção aos quatros pontos cardeais, expressando melhor, dessa maneira, as tendências divergentes então existentes no interior.
As várias raças tomariam como ofensa e provocação que nessa obra se glorificasse a História da Áustria, exatamente como no império Alemão foi preciso vir o ribombar das batalhas da guerra mundial para que se ousasse consagrar ao povo alemão a obra de Wallot - o Reichstag.
Quando, com menos de 20 anos de idade, penetrei no majestoso palácio de Franzensring, para assistir, como ouvinte e espectador a uma sessão da Câmara dos Deputados, senti-me possuído dos mais desencontrados sentimentos.
Sempre odiei o Parlamento, mas não a instituição em si. Ao contrário, como homem de sentimentos liberais, eu não podia imaginar outra possibilidade de governo, pois a idéia de qualquer ditadura, dada a minha atitude em relação à casa dos Habsburgos, seria considerada um crime contra a liberdade e contra a razão.
Não pouco contribuiu para isso uma certa admiração pelo Parlamento inglês, que adquiri insensivelmente, devido à abundante leitura de jornais de minha juventude - admiração que não poderia perder facilmente. Causava-me enorme impressão a gravidade com que a Câmara dos Comuns cumpria a sua missão (como de maneira tão atraente costuma descrever a nossa imprensa). Poderia haver uma forma mais elevada de self .government de um povo?
Justamente por isso é que eu era um inimigo do Parlamento austríaco. Considerava a sua forma de atuação indigna do grande modelo. Além disso, acrescia o seguinte:
O destino do germanismo (Deutschtum) no Estado Austríaco dependia de sua posição no Reichsrot. Até à introdução do sufrágio universal e secreto, os alemães, no Parlamento, estavam em maioria, embora pequena. Já esse estado de coisas era grave, pois não merecendo a social-democracia a confiança nacional, esta, para não afugentar os adeptos não alemães, era sempre, nas questões críticas referentes ao germanismo, contrária às aspirações alemãs. Já naquela época a social-democracia não podia ser considerada um partido alemão. Com a introdução do sufrágio universal cessou a supremacia alemã, numericamente falando. Não havia, pois, nenhum empecilho no caminho da futura desgermanização do Estado.
Já naquele tempo, o instinto de conservação nacional fazia com que eu me sentisse pouco inclinado pela representação popular, na qual a raça alemã, em vez de ser representada, era sempre traída. Entretanto, esses defeitos, como muitos outros, não deviam ser atribuídos ao sistema em si, mas ao Estado austríaco. Eu pensava outrora que, com o restabelecimento da maioria alemã, nos corpos representativos, não haveria mais necessidade de uma atitude doutrinária contra aquela instituição,. enquanto perdurasse o velho Estado austríaco.
Com essa disposição interior entrei pela primeira vez nos tão sagrados quão disputados salões. É verdade que para mim eles só eram sagrados devido à beleza da magnífica construção. Uma obra-prima helênica em terra alemã.
Mas, dentro de pouco tempo, sentia verdadeira indignação ao assistir ao lamentável espetáculo que se desenrolava ante meus olhos.

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