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A ciência Islâmica
A ciência Islâmica
No século 7 os árabes sairam de seus desertos e deram início
à formação do grande Império Islâmico. Suas conquistas se estenderam do oceano
Atlântico até a Índia. Com o domínio dos árabes, o artesanato, as artes e as
ciências mais uma vez floresceram em todas as regiões conquistadas por eles.
Foram fundadas bibliotecas de manuscritos antigos e muitos
sábios emigraram para Damasco, Bagdá, Córdoba e outros grandes centros da nova
civilização islâmica. A literatura grega, egípcia, persa, chinesa e indiana foi
cuidadosamente reunida por eles, traduzida, primeiro em siríaco e mais tarde em
árabe, e então combinada por sábios que trabalhavam intensamente.
Enquanto isto, na Europa, a Terra voltava a ser considerada
redonda e o universo era mais uma vez geocêntrico. Pela preservação e
transmissão do conhecimento antigo, que no fim das contas despertou de novo a
Europa, o mundo moderno possui uma grande dívida com o Império Islâmico.
A ciência dos árabes
No ano 773, Al-Mansur, o segundo califa de Abbasid (de 754 a
775), recebeu um hindu erudito, um astrônomo chamado Mankha, que era capaz de
falar sobre os céus como se fosse a reminiscência de uma viagem pessoal.
Impressionado com os conhecimentos demonstrados por este astrônomo indiano,
Al-Mansur notou que o mundo islâmico poderia estar se prejudicando muito ao
desprezar o conhecimento acumulado pelas outras civiizações.
Quando o astrônomo indiano Mankah presenteou Al-Mansur com
uma cópia do Siddhanta, revelando ao califa a fonte de seu grande conhecimento,
Al-Mansur ordenou que os astônomos persas começassem imediatamente a traduzir
este texto científico. Logo os árabes passaram a ter muito interesse pelo
conhecimento recém apresentado dos céus. Isto os estimulou a traduzir os textos
gregos ao saberem que estes eram a origem de grande parte do conhecimento
incorporado ao Siddhanta.
Entre os textos adquiridos no início do século 9 pelos
árabes estava o "Mathematike syntaxeos biblia ιγ" de Ptolomeu, o
maior texto astronômico até então escrito. Os árabes mais tarde deram-lhe um
novo nome, Almagest. A data da sua primeira trandução para o árabe foi,
provavelmente, o ano 827. De posse do Almagest, agora traduzido para a sua
lingua, os árabes tinham os fundamentos básicos a partir do quais eles poderiam
iniciar a sua própria investigação na ciência astronômica.
Logo os filósofos árabes mostraram seu espírito crítico
perante a ciência grega. Para eles Ptolomeu não devia ser aceito cegamente. O
grande matemático e astrônomo Al-Kwarizmi (780-850) recebeu o encargo de
verificar e, possivelmente, atualizar o trabalho escrito por Ptolomeu.
Al-Kwarizmi também redigiu as primeiras tabelas estelares em árabe.
Curiosamente, ele o fez usando o sistema indiano de contagem, um sistema muito
superior àquele que os árabes usavam. A matemática árabe, que passou a
incorporar este novo sistema numérico, se tornou tão bem sucedida que o sistema
numérico indiano, desde aquela época, passou a ser conhecido como sistema
numérico arábico.
Mais tarde, o astrônomo Al-Battani (850-929), também
conhecido como Abattegnius, modificou alguns cálculos de Ptolomeu como, por
exemplo, a verdadeira extensão do ano e a constante de precessão. Seu trabalho
foi traduzido em várias linguas européias e se tornou muito popular entre
academicos e cientistas. Al-Battani acreditava que a astronomia só perdia em
importância para a religião.
Ulugh Begh, neto do chefe tártaro Tamerlane, compilou um
catálogo de estrelas no início do século 15. Seu catálogo tinha a precisão de
1/10 do diâmetro da Lua, mostrando a alta qualidade de seus instrumentos,
anteriores ao telescópio. O seu observatório ainda está de pé em Samarkand.
O astrolábio
O astrolábio foi inventado, provavelmente, pelos gregos
antigos na época de Hiparcos ou Apolonio de Perga. Em sua versão mais simples,
o astrolábio era um prato de metal ou madeira com uma circunferência marcada
para indicar graus. O prato era usualmente pendurado por um anel. No seu centro
estava um apontador ajustável chamado alidale. Usando o alidale para
apontamento e o prato marcado para leituras de posição, as distâncias angulares
podiam ser determinadas.
Os astrônomos islâmicos usaram muito o astrolábio. A imagem
ao lado mostra o mais antigo astrolábio conhecido. Ele foi construído por um
muçulmano chamado Nastulus no ano 927-928 e agora faz parte do acervo do Museu
Nacional do Kuwait. No início do século 11, uma nova versão deste antigo
aparelho de medir altitude foi introduzido.
O astrolábio foi um precursor do sextante, inventado no
século 18.
Um resumo da astronomia árabe
Mankah século
8
foi o professor hindu de Al-Mansur, o segundo califa de
Abbasid
apresentou o Siddhanta ao califa
estimulou o apetite árabe pela ciência e a astronomia de
outras culturas
Al-Kwarizmi 780-850
verificou e atualizou o Almagest de Ptolomeu
redigiu as primeiras tabelas estelares em árabe usando o
sistema indiano de contagem
Al-Battani 850-929
modificou alguns cálculos de Ptolomeu, incluindo a duração
verdadeira do ano e a constante de precessão
Al-Tusi 1201-1279
desafiou a cosmologia de Ptolomeu mas não pode apresentar
uma alternativa satisfatória
Esta gravura mostra astrônomos no Observatório de Istanbul.
Note os instrumentos que estão sendo utilizados, incluindo um astrolábio e um
quadrante, e o globo esférico da Terra.
Uma "esfera" armilária construída para observações
práticas por astrônomos árabes.
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